Saúde Especial

Com quadro de politraumatismo, hemorragia e intubação, garotinha de nove anos deixa hospital sem sequelas, após nove dias

Família diz que segredo da recuperação improvável foi a fé

Por Naiara Gonçalves - Especial

29/07/2021 às 09:24:04 - Atualizado há


Aquele 13 de julho ficará marcado para sempre na vida da família de Ana Catriny Rodrigues Pereira, de nove anos, e de toda equipe do Hospital Santa Maria, de Goiânia. A menina, que mora em Rio Verde, passava férias escolares no rancho de familiares em São Simão, a pouco mais de 350 quilômetros da Capital, na região Sul do Estado. Estava acompanhada da avó e da bisavó na tarde em que sofreu um acidente.

Ana Catriny brincava, como qualquer outra criança logo após o almoço, quando foi convidada pelas avós para entrar em uma das lanchas ancoradas nas margens do lago. Já dentro do barco, a menina tentou demonstrar à avó que conseguia ligar o veículo, mas acidentalmente foi puxada pelo guincho da canoa, sofrendo diversas escoriações no rosto e cabeça, além de sérias lesões nos braços e tórax.

A bisavó e os primos de Ana Catriny conseguiram desmontar o motor do barco, com a ajuda de um caseiro do local, e salvar a criança a tempo de levá-la para o hospital mais próximo. "Minha prima conseguiu avisar o Samu sobre a gravidade do acidente e pediu para encontrá-los no meio do caminho, entre São Simão e Santa Helena, com intuito de levar Ana para Rio Verde, pois como a cidade é pequena, tínhamos medo de não ter estrutura para o caso dela", conta a mãe Nayara Rodrigues dos Santos, que no momento do acidente estava em Goiânia a trabalho.

Quando nada é maior que a fé

No meio do trajeto de socorro, a família passou por mais um imprevisto: o motor do carro em que transportava a criança travou e veio a fundir no meio do caminho. Mas sempre em oração e acreditando na proteção divina, os familiares conseguiram encontrar o suporte do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Enquanto isso, os pais seguiam sem informações precisas sobre o estado em que se encontrava ou onde realmente estava a filha. O pai, Rafael estava aguardando notícias em Rio Verde, enquanto a mãe Nayara saía de Goiânia rumo à Santa Helena.

Gravidade

Ao fazer o atendimento à menina, a equipe do Samu constatou que o caso era de estado gravíssimo e decidiu que Ana Catriny fosse levada de volta para São Simão para passar pelos primeiros cuidados médicos. Uma decisão de correr contra o tempo.

Equipe médica salva garota

Agilidade e pronto atendimento fizeram a diferença no quadro da criança – que percorreu horas entre o acidente, primeiros atendimentos e além de mais de três horas de viagem de UTI móvel terrestre entre São Simão e a equipe de cirurgiões que a esperava em Goiânia, no Hospital Santa Maria, para onde a garotinha foi encaminhada na madrugada do dia 14 de julho. A paciente chegou no hospital politraumatizada, com hemorragia e intubada.

Já no atendimento de urgência e emergência do Hospital Santa Maria, os médicos avaliaram um quadro de politraumatismo grave, em que ela corria risco de perder o braço direito e os movimentos das pernas, devido a uma lesão em uma das vértebras da coluna.

Imediatamente a criança foi submetida a cirurgias no ombro direito e reimplante de falange do dedo anelar da mão esquerda. Posteriormente, a paciente ainda precisou passar por uma drenagem de tórax. Todo trabalho contou com uma equipe que envolveu os cirurgiões Pauliran Moreira Braga, ortopedista e traumotologista, Mário Henrique Miguel, ortopedista e traumotologista, Manoel Carlos Batista, cirurgia geral e aparelho digestivo, e Gabriel Goulart Menezes Jonas, sob direção e orientação dos médicos Károly Gyula Olivas Hunkár e William Müller Salomão. Todo o tempo, Ana Catriny seguiu acompanhada por uma equipe clínica formada por pediatria, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), infecto, neuro clínico, neuro cirurgia, cirurgia geral, ortopedia, buco maxilo, cirurgia torácica e cirurgia plástica.

Após nove dias de internação, dos quais cinco foram na UTI, e acompanhamento multiprofissional – fisioterapia, enfermagem, nutrição, fonoaudiologia e psicologia –, Ana Catriny recebeu alta hospitalar na manhã do dia 22 de julho sem sequelas. "Ela nasceu de novo", diz o pai Rafael.

Família unidade

A mãe e o pai contam que foram nove dias intermináveis, de desespero. Nayara ainda está em Goiânia com a filha, e as avós materna e paterna, aguardando o retorno ao Hospital Santa Maria para novas consultas de acompanhamento do quadro. "Eu tenho que agradecer primeiro a Deus e depois à equipe médica e multidisciplinar, porque cuidaram do caso da minha filha com muito amor. Enquanto ela estava na UTI, cada um dos profissionais estava o tempo inteiro focado na Ana", completa.

Sorridente e boa de conversa, a menininha Ana Catriny quer mesmo é esquecer o pesadelo que vivenciou e guardar a experiência como um momento em que pôde fazer novos amigos, mesmo que no hospital. "Aqui tive cuidado, carinho e ganhei presentes. O tio Leonaldo me apresentou a música "O Segredo é Orar, de Léo Gonçalves", que se encaixou perfeitamente à minha história. E a tia Ana Cláudia esteve sempre ao meu lado ouvindo o que eu mais queria", conta a garotinha que ainda deu uma "palinha" do refrão da música que ganhou de presente enquanto ia embora do hospital: "O segredo é orar, e confiar. Essa situação, Deus mudará. O segredo é orar, e esperar. Essa tempestade, Deus vai acalmar. O segredo é resistir, não desistir. Pois todos os seus sonhos, Deus irá cumprir."


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