Saúde

Doença que atinge Pelé, pode ser evitada em até 37% dos casos

Com mais de 40 mil novos casos registrados por ano no Brasil, o câncer de intestino tem incidência maior em idosos

Por GG Notícias

22/09/2021 às 18:04:32 - Atualizado há

Também conhecido como câncer colorretal, o câncer de intestino atinge as regiões do cólon e reto e está entre os três tipos de tumores com mais vítimas no Brasil, ao lado do câncer de mama entre as mulheres e próstata entre homens - exceto câncer de pele não melanoma - segundo dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. É mais incidente entre a população brasileira feminina, sendo o segundo tipo de câncer mais comum.

De acordo com previsões do Instituto Nacional do Câncer (Inca), pode haver, nos próximos três anos, um aumento de 10,19% nas taxas de câncer de intestino entre os homens e de 12,64% entre as mulheres. "É uma doença que tem incidência alta no mundo e isso acaba ocorrendo em grande parte pelo estilo de vida que nós adotamos, principalmente no Ocidente, com uma dieta muito rica em gorduras e carne vermelha, pelo aumento dos níveis de obesidade e sedentarismo", explica o oncologista clínico Gabriel Felipe Santiago. O consumo em excesso de carnes processadas e de carnes vermelhas superior a 700 gramas por semana, a ingestão de bebidas alcoólicas e a dieta pobre em vegetais e fibras, estão relacionados ao desenvolvimento do câncer colorretal.

Além da alimentação desequilibrada, outros fatores de risco ligados à doença são histórico familiar, história pessoal de câncer de intestino ou outros tipos de câncer, doenças inflamatórias intestinais, excesso de peso corporal, idade igual ou superior a 50 anos, diabetes tipo 2 e tabagismo. O histórico de surgimento de pólipos intestinais, formações benignas semelhantes a verrugas na parede do intestino, também deve acender um alerta já que essas projeções podem se tornar tumores malignos ao longo dos anos.

Sintomas e diagnóstico

Os sintomas mais frequentes ligados ao câncer colorretal são diarreia e prisão de ventre alternadas, sangue nas fezes, fadiga, dor ou desconforto abdominal, perda de peso sem causa aparente e alteração na forma das fezes. No entanto, esses sintomas também são comuns em problemas como infecção intestinal, hemorroidas, intoxicação alimentar e fissura anal. Por isso, se eles persistirem por mais de um mês, acompanhados ainda de anemia e massa abdominal, um gastroenterologista ou clínico geral devem ser consultados, principalmente se houverem fatores de risco.

"O câncer de intestino é um dos poucos que pode ser rastreado e, quando detectado precocemente, tem 95% de taxa de cura", afirma Gabriel. O diagnóstico pode ser feito por meio do exame de fezes, para identificar a presença de sangue oculto; colonoscopia, em que um equipamento com câmera capta imagens do intestino; retossigmoidoscopia, onde apenas um segmento específico do intestino é visualizado, e a colonografia ou colonoscopia virtual, em casos de alterações de coagulação ou dificuldades respiratória e que não é possível fazer a colonoscopia. "Após o procedimento em que a lesão é identificada, um fragmento é retirado para a biópsia, que dará o diagnóstico", esclarece.

Tratamento e cirurgia

"A partir do momento que você tem o diagnóstico de um câncer de cólon ou de reto, você deve proceder o estadiamento, que é a realização de exames de imagem para avaliar a extensão da doença, para saber se a doença é localizada, se está instalada em outros órgãos", informa o oncologista. O tratamento dependerá justamente da localização e extensão do tumor, podendo envolver cirurgia, quimioterapia e radioterapia, em casos de metástase.

Caso Pelé

Quando o diagnóstico é precoce, como foi o caso do ex-jogador Pelé, que teve a lesão suspeita no cólon direito identificado em exames de rotina no início de setembro, é feita uma cirurgia de retirada do tumor. "Em alguns casos, em que você tem tumores maiores infiltrando os gânglios linfáticos, que é a doença em estágio três, você tem que complementar a cirurgia com quimioterapia, que vai variar de três a seis meses de tratamento. Em casos de doença em estágio dois, com o tumor um pouco menor, se a doença for de alto risco você também precisa fazer quimioterapia", explica o médico.

Além disso, nos casos de tumores de reto, é possível fazer a quimioterapia no pré-operatório, combinada com a radioterapia. Desse modo, o tumor é reduzido ao máximo para que o paciente passe por uma cirurgia mais conservadora. "Então nós temos essas alternativas de quimio pré ou pós-operatório; cirurgia; nós temos os anticorpos monoclonais, que são drogas utilizadas em conjunto com a quimioterapia, para aumentar seu efeito no combate da doença avançada; e mais recentemente nós temos a imunoterapia, sendo utilizada na doença avançada", completa Gabriel.

Setembro Verde

Este é o mês de conscientização sobre o câncer de intestino. A campanha "Setembro Verde", promovida pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), visa informar a população sobre a importância de realizar ações preventivas contra a doença.

Prevenção

Dados do Inca indicam que 37% dos casos de câncer colorretal podem ser evitados com a adoção de hábitos de vida saudáveis. A dieta balanceada, rica em fibras, leguminosas, cereais e orgânicos, evitando o excesso de alimentos industrializados e de bebidas alcoólicas, é um dos métodos de prevenção. A ingestão de líquidos, a manutenção do peso corporal e a prática de atividades físicas regulares também são fatores importantes e que devem ser considerados.

O médico orienta que é indicado rastreamento do câncer colorretal a partir dos 50 anos, com pesquisa anual de sangue oculto nas fezes. Na ausência de alterações no exame de fezes, a colonoscopia deve ser realizada a cada 10 anos até os 70 anos e a partir dessa idade, anualmente.


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