A Catedral Nossa Senhora das Mercês, localizada em Porto Nacional, teve sua pedra fundamental lançada em 1894, pelos dominicanos franceses, quando o ouvidor Joaquim Teotônio Segurado, determinou a construção de uma capela no principal largo daquele pequeno povoado, na margem direita do rio Tocantins. O comando da construção foi de Frei Berto, com a participação direta e dos demais religiosos franceses, que coordenavam os trabalhos de carpintarias e olarias.
Os homens livres e negros eram responsáveis em transportar os gigantescos blocos de pedras canga, carregadas por grandes carros de madeira, puxados por juntas de bois. Essa importante igreja do estado do Tocantins tem, em sua história, uma lenda assombrosa: a lenda da Boiúna. Vamos conhecer?
Conta-se a história de uma moça que ficou grávida, escondeu a gravidez de seus pais.No dia do parto, quando estava sentindo dores, disse para a sua mãe que iria lavar roupa no rio. Chegando lá, teve a criança e jogou-a no rio. A criança não morreu, mas se encantou.
Encantada, transformou-se numa cobra gigantesca com o corpo lustroso refletindo a luz do luar. Seus olhos brilham no escuro como archotes, dizem que atrai os pescadores. Esta cobra ficou conhecida por "Boiúna", que é uma lenda de origem ameríndia, descrito como uma enorme cobra escura capaz de virar as embarcações. Também pode imitar as formas das embarcações, atraindo náufragos para o fundo do rio.
Os pioneiros contam que para quebrar o encantamento da tal cobra era necessário que alguém tivesse muita coragem para despejar leite materno em sua boca e também deveriam cortar um pedaço de seu rabo e assim acabaria o encantamento. Mas ela nunca foi desencantada, pois quando algum pescador se propunha a tal façanha, vinha aquele banzeiro enorme ou mesmo quando viam a Boiúna, corriam com medo.
Os primeiros moradores de Porto Nacional, disseram que com o tempo a tal cobra teria sido enterrada debaixo da Catedral, quando esta ainda estava sendo construída. A cabeça da cobra estaria debaixo da Igreja e a cauda, do outro lado do rio Tocantins.
Diz a lenda: - Se algum dia, a Boiúna for desenterrada, a cidade de Porto Nacional será inundada pelas águas do rio.
Os pescadores afirmam que na época da construção da Ponte sobre o rio Tocantins ela apareceu diversas vezes nas noites de lua cheia, mas ninguém conseguiu chegar perto.
A cultura portuense é muita rica e no carnaval, a Boiúna, sempre está presente. Essa lenda é um símbolo da cultura e história de Porto Nacional e, é passada de geração para geração.
Dizem que até hoje a Boiúna mora no mesmo lugar.
