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Youtubers divulgam ciência para ensinar de forma divertida

Por GG Notícias

21/03/2021 às 16:45:39 - Atualizado há
Astrônoma Karolina Garcia e estudante de física Pedro Pinheiro produzem vídeos divertidos para divulgar ciência - Divulgação

O estudante de física Pedro defende que um formador de opinião na área científica precisa sempre ter muita responsabilidade com o que diz. "Qualquer falha acidental pode acabar sendo amplificada por pessoas às vezes mal-intencionadas e se tornar mais uma fake news. Às vezes nem é uma falha, mas sim uma fala tirada do contexto.. Então essa responsabilidade ao meu ver precisa ser redobrada. É muito confuso para o público leigo ver duas pessoas com uma mesma especialidade divulgando informações contraditórias, como por exemplo vimos infectologistas divulgando informações a favor e contra supostos tratamentos precoces da Coronavírus".

Com isso, Pedro completa, "mesmo que para cada 100 infectologistas com uma argumentação exista apenas um com argumentação oposta, as pessoas acabam apenas escolhendo confiar naquele profissional que valida a sua opinião ou visão prévia e ignorando os demais. Mas, na ciência nós não podemos ser guiados por opiniões, precisamos ser guiados por evidências, por dados obtidos de maneira honesta e estatisticamente significantes, para que não tenha um risco significante de ter sido um mero produto do acaso. Então a importância do trabalho neste sentido é buscar desenvolver este raciocínio crítico da maneira de pensar que é a ciência nas pessoas", frisou.

Karolina completa que tem se tornado cada vez mais difícil filtrar o que é conteúdo de qualidade e o que não é. "Por isso a necessidade de canais que não só divulgam informações científicas, mas que explicam o que há por trás de cada conclusão. Mais importante do que informar, é desenvolver o pensamento crítico nas pessoas, para que elas consigam filtrar por si só os conteúdos que consomem. É isso que tentamos fazer no AstroTubers: mostrar que não há uma verdade absoluta na ciência (que está em constante evolução), mas que toda conclusão científica se baseia em hipóteses e deve possuir evidências que foram testadas. Nós combatemos as fake news ensinando diariamente o que é ciência e como nós fazemos ciência ."


Além da astronomia

Mas, nem só os cientistas e astrônomos divulgam a ciência. Formada em administração, Mariana Fulfaro e o marido Iberê Thenório, jornalista e apresentador, contam que o canal do Manual do Mundo surgiu da ideia de ensinar as pessoas a fazerem as coisas em casa.

"Quando a gente veio de Piedade [cidade no interior do estado de São Paulo) para São Paulo e vimos que as pessoas acionavam o seguro para trocar pneus do carro e fazer pequenos consertos em casa. Em Piedade, todo mundo sabia fazer isso e ficamos impressionados com essa coisa de chamar alguém pra fazer. Além disso, nós juntamos uma série de habilidades que a gente já tinha: jornalismo, programação e criação de conteúdo para internet. Quando o YouTube começou a bombar, lá por 2008, a gente viu que muitas pessoas estavam ensinando coisas bacanas para fazer em casa. Resolvemos criar o nosso canal para ensinar também. Os 50 primeiros vídeos foram feitos com câmeras emprestadas e gravados no nosso apartamento de 35m², relembra Mariana, que é a diretora executiva do canal e também apresentadora.

Atualmente, a Manual do Mundo Produções é uma das maiores produtoras de entretenimento educativo do país e tem mais de 18 milhões de seguidores em suas redes digitais, tendo acumulado mais de 2 bilhões de visualizações só em seu canal no YouTube.

Para produzir o conteúdo interessante sem abrir mão da consistência, o casal diz que trabalha diariamente em pesquisa e produção. "Temos uma equipe com consultores científicos, produtores, jornalistas. Isso nos ajuda a monitorar o que está acontecendo e o que está chamando a atenção das pessoas na internet e fora dela".

O canal ainda tem uma comunidade engajada que manda sugestões e ajuda até a conseguir materiais para os vídeos. "Um exemplo disso é o vídeo em que abrimos um cofre, que ainda irá ao ar no canal. O Iberê estava atrás de um cofre antigo há tempos e, depois de um post no Twitter, um seguidor doou um que estava trancado há 35 anos sem nem saber o que tinha dentro", conta Mariana.

Na opinião dela, o canal é importante em uma época com grande circulação de informações falsas. "A ciência é a principal arma que temos para combater as informações falsas. Se as pessoas sentirem que ciência é algo divertido e útil, conseguimos dar um suporte e ajudar, especialmente em uma época de pandemia. Um exemplo, é o vídeo em que explicamos os perigos de tentar fazer álcool gel em casa, na época em que receitas com gelatina estavam circulando nas redes sociais".

Apresentar assuntos complexos em vídeos curtos é um dos desafios do canal, por isso Mariana diz que sempre tenta atrelar o conhecimento com a realidade. "Consideramos que a nossa maior especialidade é conseguir mostrar o conceito na prática e isso ajuda a deixar os assuntos menos complexos. Fizemos isso, por exemplo, no vídeo sobre como funciona um formigueiro, em que pegamos uma Içá e tentamos realmente criar um formigueiro. Foram mais de 70 dias para produzir este material e, mesmo que não tenha dado certo, nós mostramos a formiga rainha".

Mariana acredita que os canais do YouTube conseguem disseminar e ampliar o acesso às informações científicas, mas é necessários descontração. "Por exemplo, o vídeo em que ensinamos como destilar água do mar usando uma fogueira começa com o Iberê [apresentador do canal] todo sujo, dando a entender que estava perdido em uma ilha deserta. Além de ensinar de um jeito divertido como fazer o processo de destilação, também falamos porque não se deve beber água do mar e explicamos, com uma linguagem simples, o conceito de osmose. Se tivéssemos começado de cara com o conceito, provavelmente, não chamaria a atenção do público", finaliza.

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