Ministério Público abre investigação criminal contra bolsonarista que marcou número do presidente no rosto de bezerro
Veterinária será investigada por maus-tratos. Ela negou motivação política e disse que estava fazendo uma marcação de rotina no rebanho; procedimento não seguiu padrão exigido por órgãos oficiais.
O caso de uma veterinária que fez um vídeo usando ferro quente para marcar o rosto de um bezerro com o número 22 será investigado criminalmente pelo Ministério Público do Tocantins (MPTO). O procedimento foi aberto nesta quinta-feira (20) para apurar possível ato de maus-tratos a animal. A marcação não corresponde ao padrão exigido.
Após o vídeo da marcação viralizar, a veterinária confirmou que é apoiadora do presidente, mas disse que número seria uma marcação de rebanho e negou motivação política. (Veja resposta abaixo) O caso também está sendo apurado pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária do Tocantins.
As imagens, compartilhadas na internet nesta quarta-feira (19), mostram o animal sendo contido por um homem enquanto a veterinária Fernanda Paula Kajozi pisa no focinho e faz a marcação com ferro quente. O vídeo foi compartilhado com áudio de uma música que diz 'vota, vota e confirma. 22 é Bolsonaro'.
A investigação criminal foi aberta pela 12ª Promotoria de Justiça de Araguaína, que atua na área de defesa do meio ambiente. O g1 ainda tenta contato com Fernanda Paula Kajozi ou algum advogado dela.
O MPE destacou que o crime de praticar abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais é punível com pena de detenção de três meses a um ano, mais multa. Não há um prazo para que o procedimento seja concluído.
Entenda
A imagem do bezerro sendo marcado foi questionada por influenciadores e protetores de animais.
De acordo com o Ministério da Agricultura, existe liberação para marcação no rosto para vacinação e controle de rebanho. No entanto, em nenhuma delas mostra como padrão a forma feita pela veterinária, com o número 22.
No caso de fêmeas vacinadas contra a brucelose, o que especialistas apontam ser o caso filmado, o padrão é usar a sigla 'V' ou o último algarismo do número do ano da vacinação, no caso 2, seguindo a orientação do Ministério da Agricultura.
Após a repercussão do caso, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Tocantins informou que vai abrir uma investigação para adoção das medidas cabíveis.
"Caso fique provado ilícito, a profissional poderá responder Processo Ético que será analisado e julgado em Plenária, podendo ser punida", disse o órgão.
O que diz a veterinária
Após a repercussão nas redes sociais o vídeo foi excluído pela veterinária que também resolveu trancar a página no Instagram. Fernanda Paula Kajozi ainda gravou um vídeo se explicando, este arquivo também foi excluído, mas ainda aparece em outras páginas. Na imagem, ela confirma que fez a marcação, mas que estava fazendo por controle de rebanho -- apesar de não estar no padrão do Ministério da Agricultura -- e confirmou ser apoiadora de Bolsonaro.
"Eu não marquei 22 na cara do bezerro por conta do Bolsonaro, não. É porque você marca na cara do bezerro o ano, na paleta você marca o mês e atrás, na anca do bezerro, você marca a marca da propriedade, no caso a do meu pai é F1. Eu apenas filmei fazendo um procedimento que desde o mês um está fazendo e até o mês 12 vai estar fazendo. Ano que vem vai ser 23 e assim sucessivamente. Então não tem nada a ver com Bolsonaro. Mas eu sou Bolsonaro", disse.