Onda de assassinatos em Palmas preocupa defensores dos Direitos Humanos
Representantes dos Direitos Humanos pedem investigação sobre aumento de homicĂdios na capital tocantinense
A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia do NĂșcleo Tocantins (ABJD) e entidades ligadas aos Direitos Humanos do estado enviaram um documento ao Conselho Nacional de Direitos Humanos, cobrando respostas sobre a alarmante onda de assassinatos que assola a cidade de Palmas desde o inĂcio do ano. Com mais de 80 homicĂdios registrados até o momento, os representantes dos Direitos Humanos buscam o monitoramento nacional e uma investigação sobre o aumento dos crimes, especialmente direcionados a jovens negros.
De acordo com dados disponibilizados pela Secretaria de Segurança PĂșblica do Tocantins, Palmas jĂĄ registrou 83 homicĂdios somente neste ano, trĂȘs vezes mais do que o mesmo perĂodo do ano anterior. O mĂȘs de maio foi particularmente violento, com 25 assassinatos. A Associação destaca o perfil das vĂtimas, a maioria composta por jovens negros, moradores de ĂĄreas periféricas e de baixa renda.
A ABJD ressalta a falta de respostas por parte das autoridades competentes e a necessidade de apurar as circunstâncias dessas mortes, identificar os responsĂĄveis e implementar polĂticas de prevenção e enfrentamento à violĂȘncia urbana. A assistente social e representante do movimento Enegrecer, Naiara Cardoso dos Santos Mascarenhas, enfatiza que a solução não se resume ao aumento do policiamento, mas requer a união de diversas frentes do poder pĂșblico, incluindo polĂticas de educação, cultura, lazer e oportunidades de trabalho para os jovens.
O documento enviado ao Conselho Nacional dos Direitos Humanos destaca que a continuidade desses casos pode colocar o Brasil em violação de convenções internacionais, como a Convenção Americana sobre Direitos Humanos e a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura. A ABJD solicita que sejam tomadas medidas efetivas para interromper a onda de violĂȘncia e homicĂdios em Palmas, incluindo uma missão de apuração e o acompanhamento das providĂȘncias adotadas.
Em resposta, a Secretaria de Segurança PĂșblica do Tocantins afirma que os dados preliminares são baseados nos boletins de ocorrĂȘncia e podem sofrer alterações à medida que as investigações avançam. A SSP-TO reconhece o perfil das vĂtimas como uma realidade histórica nacional e destaca o trabalho contĂnuo da PolĂcia Civil para responsabilizar os autores dos crimes. Além disso, a secretaria ressalta a importância do envolvimento de todas as esferas pĂșblicas na mudança desse cenĂĄrio, promovendo melhorias nas ĂĄreas afetadas pela criminalidade e garantindo oportunidades para os jovens.
Uma audiĂȘncia pĂșblica sobre o tema "PolĂticas pĂșblicas em segurança pĂșblica e o combate aos altos Ăndices de homicĂdios" estĂĄ prevista para a próxima sexta-feira, com a participação de órgãos de segurança, conselhos comunitĂĄrios, organizações não governamentais e demais interessados. A expectativa é que esse encontro contribua para a busca de soluções efetivas e a promoção da igualdade e paz na cidade de Palmas.