Turismo Religioso no Tocantins: Devoção e Cultura se Unem nas Celebrações de Agosto
Romarias históricas e festividades religiosas movimentam o Estado neste mês, impulsionando o potencial turístico e cultural
Enquanto julho é dominado pelas praias, agosto é o mês de mergulhar na fé e devoção. Neste período, o Tocantins se torna palco de algumas das maiores e mais significativas romarias e celebrações do calendário católico, reunindo uma multidão de festeiros, colaboradores e romeiros.
O valor cultural e o potencial turístico destas atividades não passam despercebidos. O governo, sob a gestão de Wanderlei Barbosa, coloca o desenvolvimento do turismo religioso como uma das metas centrais. "Reconhecemos a força desse segmento e a oportunidade de profissionalizar práticas já consolidadas nessas festas", ressalta o secretário de Turismo Hercy Filho, enfatizando a importância dos princípios éticos envolvidos na atividade.
Raízes Históricas
A história das cidades mais antigas do Tocantins está inextricavelmente ligada à presença da Igreja Católica. Os primeiros passos dos não indígenas na região, hoje conhecida como Tocantins, foram marcados por uma missão religiosa estabelecida pelo Frei Cristóvão de Lisboa em 1625.
Natividade, a cidade mais antiga do Estado, fundada em 1734, mantém viva várias festividades centenárias, incluindo a Romaria do Bonfim, entre 6 e 17 de agosto. O Senhor do Bonfim também é honrado com peregrinações em Fortaleza do Tabocão e Araguacema.
Em Taguatinga, os Festejos de Nossa Senhora D"Abadia, de 11 a 14 de agosto, incluem as emblemáticas Cavalhadas, revivendo os conflitos medievais entre Mouros e Cristãos.
Dianópolis, também no sudeste do Estado, preserva suas tradições religiosas desde suas origens, em 1751. Além de celebrações em outros momentos do ano, o mês de agosto abriga a Romaria de Sucupira.
Fé no Sertão
As paisagens áridas do sertão tocantinense formam o pano de fundo para momentos de espiritualidade e reflexão entre 2 e 6 de agosto. Fiéis de Nossa Senhora do Rosário e do Divino Espírito Santo se reúnem para a Romaria da Sucupira, uma tradição que já atravessa um século.
Durante esses cinco dias de devoção, os romeiros percorrem cerca de 35 km da peregrinação até Dianópolis, subindo pela serra no meio do Cerrado seco. Um trajeto que, no passado, era feito a pé, como lembra Gerci Nunes, de 98 anos, uma das romeiras mais antigas. "Eu fazia toda essa caminhada a pé, ia e voltava dançando, feliz e grata. Venho à romaria desde os 8 anos de idade. Hoje venho de carro."
O Cerrado ganha vida durante a romaria. Barracas de comidas típicas e atividades culturais criam uma cidade vibrante em torno da grande igreja, celebrando as santidades veneradas e proporcionando momentos de conexão entre os participantes.
Com o fim da peregrinação, os fiéis retornam para suas casas com corações cheios de gratidão e fé renovada. A Romaria da Sucupira não é apenas uma celebração religiosa, mas também um testemunho do valor das tradições culturais e da espiritualidade no sertão tocantinense.