Programa prevê plantio de palmeira-juçara na Mata Atlântica

Programa prevê plantio de palmeira-juçara na Mata Atlântica

Palmeira Juçara. - Fundação Florestal/Governo de SP

Tradição

O agricultor familiar Vandir Rodrigues da Silva, que completou 70 anos no último domingo (18) e vive em uma comunidade tradicional no sul do estado de São Paulo, planta a palmeira-juçara na sua propriedade, entre outros alimentos. Nascido e criado no Quilombo de Ivaporunduva, no município de Eldorado, ele mora com a companheira e com um de seus filhos. Desde criança, com o pai, trabalha na agricultura e, hoje, fala com orgulho de sua produção.

Ele conta que planta de tudo um pouco: arroz, feijão, milho, mandioca, palmito pupunha, mas o forte mesmo é a banana. Antes da pandemia, as atividades de turismo também ajudavam a complementar a renda, mas agora, sem receber visitantes por causa da pandemia, é a produção de banana que tem sido a principal fonte de recursos. Ainda assim, como as vendas também andam meio paradas, o jeito é apostar nos alimentos que produz em sua propriedade.

Apesar de cultivar, a família de Vandir não faz o manejo da palmeira e não tem interesse no corte para extração de palmito. Mesmo assim, eles sabem que, para retirar uma quantidade de palmeiras, precisa deixar outras: “se fosse para cortar, cada 50 matrizes, cortava 20, deixava 30, isso serve para fazer o manejo de corte, mas a gente não tem interesse em fazer corte no palmito nosso aqui, não”, diz Vandir.

“Aqui a gente já vem aprendendo com os mais velhos desde criança. Os nossos mais velhos não tinham nada de legislação, não existia nada de lei, mas eles já sabiam que, pra usar as coisas da natureza, a gente tem que usar um pouco e deixar um pouco. Isso já vem desde a criação dos mais novos. Nossos mais velhos não sabiam nada, nem ler nem escrever, não tinha escola aqui, mas eles já sabiam como é que fazia com a natureza: ói, se tira um, deixa dois, porque esses dois podem produzir depois. Assim é no palmito, assim é no fazer a roça”, contou Vandir sobre o aprendizado das plantações. Ele acrescentou que as leis vieram depois e ajudaram nessa conservação ambiental.

O produtor conta que, nos anos de 1970 e 1980, houve uma grande invasão de corte de palmito em todo o Vale do Ribeira. Com isso, a palmeira, antes abundante, foi se extinguindo. Foi aí que surgiu a ideia de plantar a palmeira-juçara em sua propriedade. Com o edital da Fundação Florestal, eles esperam poder vender as sementes, mantendo o plano da família de não cortar a palmeira para extração do palmito.

“Aqui a gente planta a palmeira-juçara mais é pra recuperar, porque ela entrou em [risco de] extinção e até hoje não conseguiu sair porque tem muito pouco. Então a gente tem uma área aqui só com palmito que é pra gente ter uma amostra porque no mato mesmo já não está tendo mais, só tem mais nas áreas das casas. Aqui, a gente recuperou aqui uma área de uns 30 hectares só de palmito”, contou Vandir.

O agricultor ainda não tem a papelada pronta, necessária para participar do edital, mas conta com o auxílio de uma associação local para conseguir regularizar sua situação. O edital fica aberto até as 16h do dia 28 de abril. Podem se cadastrar associações, cooperativas de pequenos agricultores e pessoas físicas com origem em grupos de agricultores familiares assentados, quilombolas e demais comunidades tradicionais. O valor a ser pago pela Fundação Florestal aos produtores selecionados equivale a R$ 7,52 por quilo.

Assista na TV Brasil:

*Com Thiago Padovan e Vanessa Casalino, da TV Brasil