Opinião Abracopel

Sobrecarga na rede elétrica causa mais de 50% dos incêndios domésticos

Por GG Notícias

03/05/2021 às 18:18:56 - Atualizado hĂĄ

Mais de 50% dos incĂȘndios ocorridos em casas ou apartamentos, no ano passado, resultaram de sobrecarga no sistema elétrico. Segundo a Associação Brasileira de Conscientização dos Perigos da Eletricidade (Abracopel), em 2020, foram registrados no paĂ­s 583 incĂȘndios por sobrecarga, com 26 mortes. Desse total, 309 incĂȘndios ocorreram em casas e apartamentos, resultando em 23 mortes.

O diretor executivo da Abracopel, Edson Martinho, disse hoje (3) à AgĂȘncia Brasil que uma das ações para reduzir o nĂșmero de incĂȘndios é efetuar uma revisão completa das instalações elétricas, porque a maioria dos incĂȘndios é gerada por sobrecarga e curto-circuito. "A sobrecarga nada mais é do que colocar mais carga no circuito, ou seja, mais equipamentos em uma tomada do que ela suporta."

Martinho explicou que, por uma regra geral, haveria dispositivos, como disjuntor e fusĂ­vel, que teriam a função de controle. "Quando se ultrapassa essa carga, eles desligam. Mas, por algum motivo, isso é modificado, e esse dispositivo é alterado, não atua, e começa a aumentar a carga que resulta em aquecimento dos fios. E, aquecendo os fios, se aquece o ambiente e provoca-se incĂȘndio, dependendo do que tiver por perto, como cortinas, que propagam as chamas e causam incĂȘndios até de grandes proporções".

Martinho citou os casos do Museu Nacional e do Ninho do Urubu, do Clube do Flamengo, ambos no Rio de Janeiro.

Falta de atenção

De acordo com Martinho, normalmente, o curto-circuito começa com a sobrecarga e é resultado da perda de isolamento dos fios. Com a temperatura muito elevada, o incĂȘndio é muito mais rĂĄpido.

Ele destacou muitos incĂȘndios em casas e apartamentos ocorrem porque os moradores saem da residĂȘncia e costumam deixar equipamentos ligados, por falta de atenção ou de cuidado. Agora, com a pandemia do novo coronavĂ­rus, as pessoas estão mais em casa e desligam os aparelhos se percebem que estão ligados hĂĄ muito tempo.

Martinho recomenda, tanto para residĂȘncias quanto para empresas de qualquer porte, a contratação de um profissional habilitado e atualizado para fazer uma verificação completa das instalações elétricas, que devem estar adequadas às exigĂȘncias da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Tais normas vão definir exatamente os dispositivos necessĂĄrios para uma proteção adequada. "Esta é a regra principal para uma instalação segura."

A partir daĂ­, a cada cinco anos, para residĂȘncias, e a cada trĂȘs anos, para empresas de pequeno porte, deve ser feita uma revisão. "É a manutenção. E se tem sempre a instalação adequada." Para empresas maiores, a revisão deve ser feita anualmente.

O diretor da Abracopel considera crĂ­tica a situação dos hospitais porque hĂĄ muitas pessoas, o que ocasiona problemas de locomoção. "Qualquer falha no contexto, haverĂĄ problemas como incĂȘndio. É um local crĂ­tico." Ele disse que isso ocorre também com teatros e cinemas, cuja verificação tem de ser anual.

CondomĂ­nios

A sobrecarga elétrica é uma preocupação constante para os condomĂ­nios. Segundo o coordenador sĂ­ndico da Cipa, uma das maiores administradoras de condomĂ­nios do paĂ­s, Bruno Gouveia, os condomĂ­nios TĂȘm que ficar cada vez mais atentos às exigĂȘncias de autorizações e vistorias para evitar problemas que coloquem em risco a vida e o patrimônio dos moradores.

Gouveia informou que, até março, o Corpo de Bombeiros do Rio registrou mais de mil incĂȘndios em residĂȘncias em todo o estado. "O sĂ­ndico precisa estar atento às normas, que não são meramente burocrĂĄticas. São exigĂȘncias que ajudam a minimizar o risco de incĂȘndios em moradias", ressaltou.

Bruno Gouveia alertou que os prédios mais antigos precisam de mais atenção ainda porque, quando foram construĂ­dos, não havia tantos aparelhos elétricos plugados nas tomadas. "A quantidade de aparelhos disponĂ­veis atualmente exige uma carga bem maior", disse ele, lembrando que, agora, por causa da pandemia de Corona VĂ­rus, muita gente trabalha em casa, o que implica maior nĂșmero de aparelhos ligados.

NĂșmeros

Dos 583 incĂȘndios por sobrecarga havidos no paĂ­s no ano passado, 344 foram provocados por instalações elétricas internas, com 15 mortes, nĂșmero que mostra redução, quando comparado ao de 2019 (363 incĂȘndios por sobrecarga em instalações elétricas internas, com 22 mortes). Em seguida, aparecem ventiladores e aparelhos de ar condicionado, com 99 incĂȘndios e nove óbitos. No ano anterior, foram 119 incĂȘndios gerados por ventilador e ar-condicionado, com 27 óbitos.

Por regiões, o Sudeste registrou o maior nĂșmero de incĂȘndios por sobrecarga em 2020: 181, com seis mortes. Em seguida, aparecem as regiões Sul, com 150 sinistros e cinco mortes; e o Nordeste, com 114 incĂȘndios e sete mortes.

Na série histórica que compreende o perĂ­odo de 2013 a 2020, o ano com maior nĂșmero de incĂȘndios por sobrecarga de energia foi 2019, com 656 acidentes e 74 mortes. Em segundo lugar, ficou 2020, com 583 incĂȘndios, seguido por 2018, com 537). Em termos de mortes em incĂȘndios por sobrecarga e curto-circuito, entretanto, o ano passado registrou o terceiro menor nĂșmero da série: 26.

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