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Senadores questionam Pazuello sobre falta de oxigênio em Manaus

Por GG Notícias

19/05/2021 às 16:41:47 - Atualizado hĂĄ

Senadores rebateram nesta quarta-feira (19) a fala do ex-ministro da SaĂșde Eduardo Pazuello, que disse só ter tomado conhecimento dos riscos de desabastecimento de oxigĂȘnio em Manaus na noite de 10 de janeiro. E que a falta de cilindros no estado só teria durado trĂȘs dias. A discussão sobre o colapso no fornecimento de oxigĂȘnio para os pacientes de Corona VĂ­rus no Amazonas ocorreu durante o depoimento de Pazuello à CPI da Pandemia.

O senador Eduardo Braga (MDB-AM) disse ser necessĂĄrio corrigir o dado, sob pena de estarem "sendo coniventes com uma informação errada e — desculpe a expressão — mentirosa".

— Presidente, é preciso dizer ao povo brasileiro: não faltou oxigĂȘnio no Amazonas apenas trĂȘs dias, pelo amor de Deus. Ministro Pazuello, pelo amor de Deus. Faltou oxigĂȘnio na cidade de Manaus mais de 20 dias. É só ver o nĂșmero de mortos. É só ver o desespero das pessoas tentando chegar ao oxigĂȘnio. Nós tivemos pico de morte no dia 30 de janeiro. Sabe quando chegou a carga de oxigĂȘnio que o senhor mandou do Ministério da SaĂșde para Manaus? Do dia 24 para o dia 25 — disse Eduardo Braga.

Braga questionou ainda por que o governo teria deixado passar 10 dias, com média diĂĄria de mortes de 200 pessoas, e não se empenhou para que a carga de oxigĂȘnio oriunda da Venezuela chegasse ao povo amazonense. Ele lembrou que um avião norte-americano estava à disposição do Brasil, mas não foi acionado.

— Foram dois mil amazonenses que morreram. Nós poderĂ­amos ter colocado aquele oxigĂȘnio, ministro. E o que nós queremos saber é o seguinte: Faltou dinheiro ao governo do Estado para fazer isso? Faltou vontade polĂ­tica do governo federal em fazer isso? E por que que não fez? Por que que não deu as informações ao ex-ministro Ernesto AraĂșjo [das Relações Exteriores] para que o avião dos Estados Unidos pudesse ter ido à Venezuela buscar o oxigĂȘnio e levar para o Amazonas, para salvar vidas? É isso que o povo brasileiro quer saber.

Inquérito

O senador Humberto Costa (PT-PE) informou que a CPI teve acesso a inquérito do Ministério PĂșblico sobre o caso de Manaus, segundo o qual o Ministério da SaĂșde foi informado da iminĂȘncia de que haveria falta de oxigĂȘnio no dia 8 de janeiro. Pazuello negou diversas vezes, ao longo do depoimento, ter sido informado que faltaria oxigĂȘnio na capital do Amazonas. O ex-ministro da SaĂșde também negou ter sido informado sobre o avião colocado à disposição pelo governo dos Estados Unidos.

Logo após à falta de Humberto Costa, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), disse que Pazuello, protegido por habeas corpus preventivo, não precisaria responder a questões relacionadas ao inquérito, que também estĂĄ sob sigilo, o que voltou a gerar polĂȘmica entre os parlamentares.

— Acho que a gente desrespeitar uma decisão que protege o sigilo do processo, nós estaremos indo no caminho errado. Por isso estou dizendo a Vossa ExcelĂȘncia que não precisa responder, porque essa informação é no processo sob sigilo — disse Omar.

Senadores governistas como FlĂĄvio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e Marcos Rogério (DEM-RO), e da oposição, como Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disseram que Pazuello poderia falar sobre a situação em Manaus. FlĂĄvio argumentou que a informação seria "praticamente pĂșblica", enquanto Marcos Rogério alegou que quem não poderiam falar, por causa do carĂĄter sigiloso do assunto, seriam os senadores.

Mais tarde, durante a intervenção da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), que apresentou documento do próprio Ministério da SaĂșde sobre a oferta do uso do avião norte-americano para transportar oxigĂȘnio a Manaus, Pazuello recebeu orientação do representante da Advocacia-Geral da União (AGU) para manter silĂȘncio sobre o assunto.

Ida a Manaus

Ao ser questionado pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), sobre quais medidas foram tomadas pelo ministério após tomar conhecimento da iminente falta de oxigĂȘnio, Pazuello disse que jĂĄ estava com todos os secretĂĄrios do ministério no estado quando soube do problema. E que, logo após ter se reunido com representantes da empresa White Martins, que fabrica os cilindros de oxigĂȘnio, ordenou a abertura do Centro Integrado de Coordenação e Controle com o estado, o municĂ­pio e as Forças Armadas, possibilitando a chegada dos cilindros de oxigĂȘnio em 12 de janeiro.

— Estava em Manaus, com a minha equipe. A gente jĂĄ vinha acompanhando o assunto de Manaus, não havia a discussão ainda conosco sobre oxigĂȘnio, mas havia uma curva de contaminação alta, havia um colapso nos hospitais. E, na minha interpretação, como ministro à época, eu precisava avançar para lĂĄ o meu gabinete com meus secretĂĄrios, para poder de lĂĄ tomar as decisões imediatas e resolver o problema, ajudar a resolver o problema e não deixar acontecer uma catĂĄstrofe — respondeu Pazuello.

Para Omar Aziz, houve "uma série de equĂ­vocos e erros", tanto por parte do governo do estado, como do Ministério das Relações Exteriores que, segundo afirmou, "foi incapaz de dar um telefonema para trazer de avião oxigĂȘnio da Venezuela".

Defesa

O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) disse que o governo liberou, em 2020, R$ 2,6 bilhões para o enfrentamento da pandemia no Amazonas. A informação foi contestada por Omar Aziz, que interrompeu a reunião após trocas de ofensas.

— VocĂȘ não estĂĄ falando a verdade, rapaz. Não é verdade isso que vocĂȘ estĂĄ falando. Isso é uma mentira multiplicada — disse Omar.

Heinze respondeu:

— Vou mandar imprimir e vou lhe mostrar. Não me chame de mentiroso. Não sou. Não sou. Vou lhe mostrar agora. Vou puxar a tabela e vou ver quanto foi para lĂĄ. Não é irresponsabilidade do governo federal, é do governo do Amazonas.

Depois do intervalo, Omar Aziz se dirigiu a Luis Carlos Heinze, a quem pediu desculpas por tĂȘ-lo chamado de "mentiroso". Ele reafirmou, no entanto, a incompetĂȘncia em todas as esferas de governo.

— Teve incompetĂȘncia, sim, muita incompetĂȘncia, e não foi só do governo estadual e federal, mas incompetĂȘncia de muita gente envolvida nisso. Quero pedir desculpas ao querido amigo Luis Carlos, porque eu tenho uma relação muito boa com ele. Eu me excedi com Vossa ExcelĂȘncia porque, quando se trata de morte, a gente não fala em dinheiro. Não foi falta de dinheiro. O Estado do Amazonas tinha dinheiro, o governo federal tinha dinheiro. Faltou oxigĂȘnio, e as pessoas morreram, Luis. Por isso, eu lhe peço desculpas por que eu fiquei nervoso.

Governador

JĂĄ Marcos Rogério disse ser fundamental que o governador do Estado, Wilson Lima, também seja convocado para prestar esclarecimentos à CPI.

— Considerando o embate que aconteceu hĂĄ pouco, apenas para não perder a sequĂȘncia e a importância desse momento, nós vamos ter aqui, na semana que vem, dois depoimentos importantes do Amazonas: do ex-secretĂĄrio-executivo João Paulo Marques dos Santos, requerimento aprovado, e do atual secretĂĄrio de SaĂșde, Marcellus CampĂȘlo. Mas eu acho que, mais do que nunca, diante do que nós estamos vendo aqui, se faz necessĂĄria, imperativa, inafastĂĄvel a necessidade de convocação também do governador do estado do Amazonas — declarou.

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