Presidente do TSE veta investigações contra institutos de pesquisa
Segundo Moraes, não cabe à PF e ao Cade investigarem as empresas
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, decidiu na noite dessa quinta-feira (13) vetar a abertura de inquérito pela PolĂcia Federal (PF) e de procedimento administrativo pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre a atuação de institutos de pesquisas eleitorais.
Moraes justificou a decisão afirmando haver "incompetĂȘncia absoluta" da PF e do Cade para investigarem os institutos de pesquisa de intenção de voto e "ausĂȘncia de justa causa" para apurarem a atuação das empresas.
O ministro tomou a decisão com base no artigo 23 do Código Eleitoral, e disse ser dever da Justiça Eleitoral "fazer cessar as indevidas determinações realizadas por órgãos incompetentes e com indicativos de abuso de poder polĂtico e desvio de finalidade".
Moraes determinou ainda que a Corregedoria-Geral Eleitoral e a Procuradoria-Geral Eleitoral apurem "eventual prĂĄtica de abuso de poder polĂtico, consubstanciado no desvio de finalidade no uso de órgãos administrativos com intenção de favorecer determinada candidatura, além do crime de abuso de autoridade".
No despacho, Moraes disse serem precipitados os dois procedimentos abertos por determinação do Ministério da Justiça, órgão ao qual a PF estĂĄ vinculada, e o Cade. "Ambas as determinações – MJ e Cade – são baseadas, unicamente, em presunções relacionadas à desconformidade dos resultados das urnas com o desempenho de candidatos retratados nas pesquisas, sem que exista menção a indicativos mĂnimos de formação do vĂnculo subjetivo entre os institutos apontados ou mesmo prĂĄticas de procedimentos ilĂcitos".
Investigações
Ontem (13), a PF confirmou à AgĂȘncia Brasil a instauração de inquérito policial para apurar a atuação dos institutos de pesquisa de opinião pĂșblica. O objetivo seria verificar se empresas do setor atuaram irregularmente, de forma a prejudicar o presidente da RepĂșblica e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL).
A instauração do inquérito foi solicitada pelo ministro da Justiça e Segurança PĂșblica, Anderson Torres, ao qual a PF estĂĄ subordinada. No Ășltimo dia 4, ou seja, dois dias após a realização do primeiro turno das eleições gerais, Torres anunciou, no Twitter, que tinha pedido a abertura de inquérito policial para apurar supostas "condutas que, em tese, caracterizam a prĂĄtica de crimes perpetrados" por alguns institutos.
No mesmo dia, o presidente do Cade, Alexandre Cordeiro Macedo, também pediu à SuperintendĂȘncia-Geral do órgão que analisasse se, no primeiro turno, houve erros intencionais nas sondagens de voto, caracterizando "suposta infração à ordem econômica". A autarquia também estĂĄ vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança PĂșblica.
Ambos os procedimentos foram motivados pela discrepância entre pesquisas de intenção de voto divulgadas na véspera do primeiro e o desempenho nas urnas acima do esperado por Bolsonaro, que tenta a reeleição.
Encerrada a votação, Lula obteve 47,85% dos votos vĂĄlidos (desconsiderados votos brancos e nulos). Um resultado que, considerando a margem de erro técnico, ficou próximo ao previsto pela maioria dos institutos de pesquisa. JĂĄ Bolsonaro alcançou 43,7%, ao menos 7 pontos percentuais superior a algumas das principais pesquisas divulgadas à véspera do primeiro turno, que apontavam uma diferença de até 14 pontos percentuais a favor do petista.