?O mundo está diante de um potencial evento climático extraordinário: o Super El Niño de 2023. Especialistas meteorológicos acreditam que este fenômeno, caracterizado por temperaturas até 2,5°C acima da média em certas regiões do planeta, está se formando e poderá trazer impactos significativos para o clima global. A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) anunciou oficialmente, nesta quinta-feira (8), que as condições necessárias para a manifestação do El Niño foram confirmadas.
A expectativa da comunidade científica já era grande em relação ao evento de variação climática. Agora, há a possibilidade de se configurar como um Super El Niño, superando os padrões convencionais. Emily Becker, cientista do clima e comunicadora da NOAA, compartilhou a confirmação do El Niño e destacou que há 56% de chances de ele se tornar um evento forte durante o pico, além de uma probabilidade de aproximadamente 84% de, pelo menos, ocorrer um evento moderado. Becker ressalta que, embora as condições do El Niño tenham se desenvolvido, ainda existe uma pequena chance de que ele não se concretize completamente (4-7%), mas os especialistas consideram isso improvável.
Michelle L'Heureux, chefe do escritório de previsão de El Niño da NOAA, afirmou que o fenômeno se formou 2 meses antes da maioria dos outros El Niños e que há ainda chances de seu crescimento. As estimativas apontam para uma probabilidade de 25% de termos um Super El Niño.
O El Niño é um dos fatores que pode influenciar na previsão de recordes de temperaturas nos próximos quatro anos. A Organização Mundial Meteorológica (OMM) destaca que há 66% de probabilidade de a média anual de aquecimento ultrapassar 1,5°C entre 2023 e 2027.
Mas o que exatamente é o El Niño? E qual é a diferença em relação ao La Niña? Ambos os fenômenos causam mudanças nos padrões de transporte de umidade e, consequentemente, variações na distribuição das chuvas em várias partes do mundo, incluindo o Brasil.
De acordo com o International Research Institute for Climate and Society, tanto o El Niño (EN) quanto o La Niña (LN) possuem as seguintes características:
- Tendem a se desenvolver entre abril e junho.
- Alcançam seu pico entre outubro e fevereiro.
- Têm uma duração de 9 a 12 meses.
- Podem persistir por cerca de 2 anos.
- Ocorrem em intervalos de 2 a 7 anos.
Isso significa que eles ocorrem de maneira alternada e periódica, havendo um período neutro entre eles. Bruno Kabke Bainy, meteorologista do Cepagri/Unicamp, explica que esses fenômenos não afetam o mundo todo.
Para confirmar que um desses dois fenômenos está em curso, é necessário observar uma persistência nas alterações de temperatura no Oceano Pacífico por pelo menos cinco ou seis meses, para que o fenômeno se consolide.
Com o El Niño 2023 se aproximando, a comunidade científica está atenta aos seus desdobramentos. O impacto desse evento climático excepcional pode ter consequências significativas para o clima global, exigindo um monitoramento constante e ações adequadas para lidar com as possíveis alterações que ele pode trazer.
É fundamental que as autoridades, os pesquisadores e a sociedade em geral estejam preparados para enfrentar os desafios climáticos que podem acompanhar o Super El Niño, com o objetivo de minimizar seus efeitos e proteger o bem-estar da população e do meio ambiente.