Conscientização sobre o câncer de cabeça e pescoço é destaque no Tocantins

O mês de julho traz consigo a campanha Julho Verde, uma iniciativa da Associação de Câncer de Boca e Garganta (ACBG Brasil), apoiada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O objetivo é conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de cabeça e pescoço, uma vez que identificar a doença em estágios iniciais pode aumentar significativamente as chances de tratamento eficaz. A escolha deste mês para a campanha coincide com o Dia Mundial de Prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço, celebrado em 27 de julho.

A campanha busca chamar a atenção para tumores que frequentemente apresentam sintomas negligenciados, levando a diagnósticos tardios que comprometem a qualidade de vida dos pacientes. Entre os sinais de alerta estão a rouquidão persistente, nódulos no pescoço, dificuldades para engolir, aftas, manchas brancas na boca, mudanças na voz e lesões com sangramento e cicatrização demorada.

A médica cirurgiã do serviço de Cabeça e Pescoço do Hospital Geral de Palmas (HGP), Rayla Souza, destaca que os principais fatores de risco para o câncer de cabeça e pescoço estão relacionados ao tabagismo e ao consumo excessivo de álcool, especialmente nos casos de tumores na boca, laringe, hipofaringe e orofaringe. Além disso, a infecção pelo HPV também pode ser uma causa da doença.

Os tumores de cabeça e pescoço podem afetar diversas regiões, como boca, língua, palato mole e duro, gengivas, bochechas, amígdalas, faringe, laringe, esôfago, tireoide e seios paranasais. O que preocupa os médicos é que 60% dos diagnósticos ocorrem quando as chances de cura já são menores e as sequelas mais significativas.

A fonoaudióloga do Ambulatório de Especialidades do HGP, Patrícia Policeno, também voluntária da Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço (ACBG), ressalta que o câncer nessas regiões pode causar alterações fonoaudiológicas, afetando a deglutição, a respiração, a voz, a motricidade orofacial e a mastigação. A equipe multidisciplinar é responsável por avaliar e reabilitar os distúrbios de fala, audição, voz, deglutição e motricidade orofacial decorrentes do tratamento do câncer. O objetivo é preservar ao máximo a fala, a voz, a mastigação e o mecanismo de deglutição. Além disso, o câncer também pode causar deformidades estéticas, impactando a vida do paciente e de sua família em diversos aspectos, incluindo emocionais e econômicos.

Um exemplo real é o caso de Almir Ferreira de Castro, paciente de 61 anos que foi diagnosticado com câncer na orofaringe em setembro de 2021. Sua filha, Eduarda Marra, relata que o pai começou a sentir dores na garganta e emagrecer rapidamente, perdendo 10 kg em apenas um mês. Além disso, ele apresentava dificuldades para respirar e rouquidão. Devido à resistência em procurar ajuda médica, o diagnóstico foi tardio, e a doença já estava avançada. Eduarda destaca a importância do diagnóstico precoce e acredita que seu pai poderia ter buscado tratamento antes, evitando complicações.

Dados do setor de Qualidade do HGP mostram que, entre junho e dezembro de 2022, foram realizadas cerca de 300 cirurgias de Cabeça e Pescoço. Nos primeiros seis meses de 2023, já foram realizadas 315 cirurgias ou procedimentos relacionados.

A Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço (ACBG Brasil) promove a 7ª Campanha Nacional de Prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço, com o tema "Câncer? Não perca a cabeça!". O objetivo é alertar a população sobre a importância do autocuidado e da atenção aos primeiros sinais e sintomas da doença.

No dia 27 de julho, que marca o Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço, o HGP promoverá ações de sensibilização sobre o câncer, distribuindo materiais informativos para pacientes e servidores da unidade.