Universidade da Maturidade (UMA) da Universidade Federal do Tocantins celebra a formatura de 28 idosos da etnia Xerente em curso inovador
Na noite de quinta-feira (21), um evento histórico marcou a primeira formatura de uma turma indígena no Brasil. Vinte e oito anciãos da etnia Xerente celebraram a conclusão de um curso de 18 meses oferecido pela Universidade da Maturidade (UMA), projeto inovador da Universidade Federal do Tocantins. A cerimônia de colação de grau aconteceu no Centro de Ensino Médio Indígena Xerente (Cemix) em Tocantínia, reforçando a valorização da cultura indígena.
O curso, iniciado no segundo semestre de 2021, conferiu aos idosos, 20 mulheres e 8 homens, o título de educadores políticos sociais do envelhecimento humano. Os participantes, provenientes de seis aldeias diferentes (Funil, Rio Verde, Salto, Saltinho, Porteira e Recanto Krite), destacaram-se não apenas pelo aprendizado, mas também pela coragem de buscar conhecimento.
A mistura de culturas brancas e indígenas marcou a cerimônia, realizada em português e akwê, idioma comum da etnia Xerente. Durante o curso, a turma enfrentou desafios, incluindo a perda de dois colegas, que foram homenageados durante a formatura. O curso proporcionou não apenas conhecimento acadêmico, mas também uma oportunidade para os idosos compartilharem suas experiências e preservarem a riqueza da cultura e língua tradicional Xerente.
Augusto Xerente, um dos formandos, compartilhou sua experiência: "Eu estava até desistindo, mas depois voltei. Hoje o sentimento é de tristeza, mas também de alegria. Estou aqui como pai também", destacando o apoio aos estudos dos seus três filhos. Iraci Xerente, aos 58 anos, expressou sua felicidade e enfatizou a importância do curso: "Para mim foi bom, a gente recordou tudo que estávamos guardando. Hoje nós estamos aqui se formando como era antigamente, que ensinou a passar a cultura, tradição."
A secretária dos Povos Originários e Tradicionais Narubia Werreria elogiou a iniciativa, destacando que representa uma acessibilidade nunca antes vista. Ela enfatizou que o projeto pioneiro não só no estado, mas em todo o território nacional, é uma valorização dos anciãos que frequentemente são invisibilizados. O coordenador da UMA em Tocantínia, professor Leonardo Sampaio, ressaltou a evolução pessoal dos alunos e a importância de garantir que a educação alcance todas as idades.
A primeira turma indígena do Brasil a se formar em um curso para idosos é um marco significativo, e a UMA já projeta a formatura da segunda turma de indígenas idosos no próximo ano. O evento não apenas celebra o conhecimento adquirido, mas também destaca a importância de preservar e valorizar a sabedoria ancestral das comunidades indígenas.