Opinião Literatura

Venda de livros aumentou em 2021. Hábito da leitura impacta diretamente no aprendizado de crianças e adolescentes

Resgate dos livros físicos e da leitura em casa é reflexo da pandemia e tem alcançado todas as faixas etárias. Especialistas comentam como o incentivo faz a diferença no desenvolvimento de alunos

Por GG Notícias

16/03/2022 às 16:02:21 - Atualizado há

De acordo com dados do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), o mercado editorial obteve um crescimento de 4,9% no país, em 2021, no comparativo com o mesmo período de 2020, e fechou o ano com 55 milhões de livros vendidos. Com uma receita de 2,28 bilhões de reais, o aumento foi de quase 30% a mais do que no ano anterior. Reflexo diretamente ligado às mudanças comportamentais associadas ao período de pandemia, o hábito da leitura é de extrema importância para o aprendizado de crianças e adolescentes, conforme explicam especialistas.

Ludmylla Flávio Canedo, professora do Colégio Externato São José, conta que com a pandemia, a equipe pedagógica precisou se adaptar e buscar novos recursos que pudessem garantir melhores experiências, principalmente em relação às práticas de leitura. "Com o ensino remoto, o livro físico acabou se distanciando dos alunos, que se viram diante de uma tela. Mas a escola nunca parou de estimular esse hábito, seja por meio da disponibilização de livros em PDF em uma biblioteca virtual, contação de histórias durantes as aulas e até encontros virtuais com autores", afirma.

E do mesmo modo, ela comenta que a contribuição dos pais e responsáveis, em casa, foi de suma importância para estender o estímulo para além do cenário escolar. "Começamos a motivá-los também (pais e responsáveis) e, assim, eles se aproximavam das crianças. Em uma atividade, propusemos que fossem eles a indicar livros para que os filhos lessem e o saldo foi muito positivo". A pedagoga ainda avalia que mesmo antes da pandemia, a exposição ao digital era uma crescente e esse resgate ao contato com livros físicos é algo que alcançou todas as faixas etárias. "A tela de um computador é muito prática, mas tem-se o risco de saturar. Chegou um momento em que fez falta a experiência sensorial de passar as páginas, de sentir o cheiro do exemplar, ter a possibilidade de destacar um frase ou passagem", conjectura.

Ludmylla afirma que o incentivo precisa vir do reconhecimento de um adulto sobre a importância da leitura na vida de uma criança. Segundo a profissional, esse incentivo vem primeiramente do contato com livros e até mesmo jornais e revistas. "Do mesmo modo que uma escola e uma sala de aula precisam ter livros, uma casa também", garante. Ela enfatiza que os primeiros contadores de histórias, antes que aquele individuo possa ter a sua própria capacidade de escolha e independência, são os pais e professores. "Como dizia o Ziraldo, é importante que o adulto leia para a criança. Nenhuma outra ferramenta ativa a capacidade de foco e concentração como a leitura. E esse é o caminho para o aprendizado. Então, quem lê, indiscutivelmente, tem mais conteúdo, se expressa melhor, tem o que falar e o que escrever. A leitura é matéria-prima para a escrita", garante.

A professora ainda compartilha que uma sugestão interessante para quem busca desenvolver o hábito em casa, é começar com dez minutos de leitura ou mesmo um capítulo por dia. "Um momento para ser vivido sem ansiedade, sem pressa, saboreando a narrativa. E aos poucos esse tempo pode ser aumentado, para vinte minutos, meia hora, gradualmente", acrescenta.

Jovens resgataram o hábito da leitura durante a pandemia

Com as restrições impostas pela pandemia, muitas pessoas buscaram uma reconexão com o hábito da leitura. A professora de literatura do Colégio Integrado, Juliana Rebouças, explica que os jovens buscaram maneiras de interagir e de suprir os momentos de lazer que tinham antes. "O serviço de streaming, redes sociais e os jogos eletrônicos foram algumas das alternativas. No entanto, com a permanência dos protocolos de saúde, percebemos que os jovens cansaram das telas e começaram a buscar outras soluções a fim de evitarem o ócio. Nessa busca, a leitura foi uma grande conquista para nós educadores e pais. Os jovens passaram a buscar livros, principalmente aqueles que trazem assuntos e temas do cotidiano deles", explica.

Para Luiza Oliveira, o hábito da leitura começou bem cedo, aos 4 anos. "Desde muito pequena eu leio, comecei com os gibis da Turma da Mônica, que eu acredito que foi um 'start' para tudo que leio até agora. Essa leitura foi crucial para o meu desenvolvimento, ampliou o meu vocabulário", explica a jovem que só ano passado leu 80 livros. "Essa leitura é crucial para o meu desenvolvimento e agora consigo perceber nas minhas tarefas diárias e minha redação, porque a cada dia mais consigo ampliar meu vocabulário e conhecimento de mundo".

Segundo uma pesquisa da Universidade de Sussex, no Reino Unido, ler por apenas seis minutos ajuda a diminuir cerca de 68% dos níveis de estresse. De acordo com Juliana Rebouças, os livros são fontes ricas de informações, e cada vez que a pessoa lê, adquire conhecimento sobre os diversos assuntos. "A leitura pode trazer inúmeros benefícios. Ela nos proporciona aprimorar muitas habilidades que não conseguimos adquirir, por exemplo, ao assistir a um filme. Com a leitura, aprimoramos nosso vocabulário, melhoramos nossas habilidades de comunicação oral e escrita, além de tomarmos conhecimento de histórias incríveis. Além disso, ao ler, colocamos nosso cérebro para exercitar, pois o cérebro, como todo músculo, precisa de estímulos diários para manter-se sempre saudável", esclarece.

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