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Preconceito e desinformação dificultam o combate ao alcoolismo

O Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo é celebrado em 18 de fevereiro. Sendo uma data importante para destacar que o consumo de bebidas alcoólicas é uma questão de saúde pública quando estabelecida uma relação de dependência química com o usuário, ou seja, vai além do uso moderado e recreativo.

Por GG Notícias

18/02/2023 às 11:00:00 - Atualizado há
Foto: Divulgação

De acordo com pesquisa feita pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o abuso de álcool na América Latina subiu durante a pandemia. No Brasil, 42% dos entrevistados relataram alto consumo da substância. Além de ter que lidar com o problema do alcoolismo, os pacientes enfrentam desinformação e preconceito.


Segundo o psicólogo e docente da Estácio, Luciano Queiróz, o que dificulta muitas vezes o tratamento dos usuários, a desinformação e o preconceito. "O combate efetivo à questão do alcoolismo envolve uma atuação em várias frentes, desde a superação de preconceitos e estigmas e a formação do profissional para o trabalho em equipes interdisciplinares até políticas públicas efetivas e intervenções nas comunidades", revela.
Luciano comenta ainda que as pessoas que fazem parte do cotidiano ou familiares do dependente têm um papel fundamental no processo de recuperação. "O cuidado ao paciente não está desvinculado do cuidado aos familiares. A família sofre com o alcoolismo e, muitas vezes, questões afetivas neste contexto estão envolvidas na origem desse problema. Por isso, o cuidado ao paciente é multifatorial. É preciso levar em conta os múltiplos fatores que levaram ao alcoolismo para que as pessoas, inclusive os profissionais, não cometam o equívoco de culparem o paciente", argumenta.

Outro fator que atrapalha, de acordo o professor, mais ainda a recuperação é justamente a falta de apoio de quem está ao redor deste paciente. "O preconceito, a exclusão e a estigmatização tornam o cuidado ao paciente ainda mais delicado. Gosto de dizer que nós adoecemos em grupo e nos curamos em grupo. Quando o paciente não tem uma rede de apoio, um suporte emocional em seus grupos cotidianos, o cuidado a ele pode ser dificultado", revela.

"O tempo de tratamento pode variar de acordo com cada caso, tendo diversos tipos de abordagens, e vai depender da aceitação da pessoa em relação ao tratamento e à própria doença. A avaliação do paciente deve ser feita por uma equipe multiprofissional (isto é, com profissionais de diferentes formações), habilitada para esse tipo de demanda. O cuidado aos pacientes que sofrem com o uso de substâncias precisa ser articulado a vários setores, como a assistência social e, se necessário, órgãos do Judiciário e Ministério Público", cita.

Isso significa que o tratamento ao paciente deve ser contextualizado, ampliado. "Independentemente de qualquer coisa, a dignidade do paciente e de sua família deve estar em primeiro lugar. Por isso, a grande questão não é simplesmente a desintoxicação, mas o resgate da autonomia desse sujeito e das demais pessoas que convivem com ele", finaliza Luciano.


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