Arthur Virgílio: 'Lula vive de ilusões' enquanto governo se torna refém do Congresso

Arthur Virgílio, ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso, expressou sua preocupação em relação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmando que ele está vivendo de ilusões enquanto se torna refém do Congresso, sob o comando de Arthur Lira, atual presidente da Câmara dos Deputados.

"O problema fundamental do governo Lula é a falta de projetos", afirmou Virgílio ao jornal Estado de S. Paulo. "Ele se tornará refém do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira." Após desfiliar-se do PSDB no final do ano passado, Virgílio avaliou que a ausência de uma maioria parlamentar baseada em programas de governo coloca o Executivo no mesmo caminho que levou ao escândalo do 'Mensalão'. Nesse caso, o ex-ministro José Dirceu e parte da cúpula do PT foram condenados por corromper parlamentares em troca de apoio político.

"Quando você não tem projetos, é obrigado a se relacionar com os parlamentares em outros termos. Foi assim que ocorreu o desastroso episódio do Mensalão", relembrou Virgílio.

Virgílio, que já ocupou cargos de senador, deputado e prefeito de Manaus, afirmou que em 2003, Lula era uma "águia", mas que agora vive de "ilusões". Segundo ele, a falta de projetos e a ausência de credibilidade junto à maioria do Parlamento acabam levando o governo a buscar maiorias compradas.

O ex-ministro também demonstrou preocupação com o rumo que o governo Lula está tomando. Ele criticou a anulação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) pelo governo, uma das armas da oposição para investigar possíveis irregularidades.

"A CPI (dos atos de 8 de janeiro) convoca apenas adversários e deixou de convocar o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o G. Dias. Eles se recusam a convocar alguém que teve contato frequente com o GSI e a Agência Brasileira de Inteligência. É uma confissão de culpa por parte do governo Lula ao evitar que pessoas próximas sejam ouvidas. Alguém que tem acesso constante ao GSI e à Agência Brasileira de Inteligência não pode alegar desconhecimento do que está acontecendo", alertou Virgílio.