Brasil Violência

Jovem kaingang de 14 anos é morta e tem o corpo dilacerado em território indígena no Rio Grande do Sul

Corpo de Daiane Griá Sales foi encontrado em uma lavoura na Terra Indígena do Guarita, na região noroeste do RS

Por Informações do site Sul 21

06/08/2021 às 22:01:41 - Atualizado há

Moradora do Setor Bananeiras da Terra Indígena do Guarita, a jovem kaingang foi encontrada em uma lavoura próxima a um mato, nua, e com as partes do corpo da cintura para baixo arrancadas e dilaceradas, com pedaços ao lado dela. A Polícia Civil da região está investigando o caso. O delegado Vilmar Alaídes Schaefer disse ao site Portela Online que não descarta nenhuma hipótese, incluindo a da possível ocorrência de violência sexual, seguida de morte e mutilação do corpo.

Há relatos de outros casos de ataques contra mulheres indígenas que estariam acontecendo na região. Localizada em uma área de 23,4 mil hectares, a Terra Indígena do Guarita abriga cerca de 6 mil pessoas e é a maior terra indígena do Rio Grande do Sul. Uma fonte que trabalhou por anos na região da Terra Indígena do Guarita disse a um jornal local que crianças e jovens indígenas que vivem no local enfrentam uma realidade muito difícil, convivendo com casos de estupro, raptos, encarceramentos e outras situações de violência.

Segundo a fonte, que pediu para não ser identificada por razões de segurança, 90% da comunidade do Guarita é muito sofrida e crianças, adolescentes e jovens não têm a proteção necessária diante dessa realidade. Ela também aponta uma grande omissão por parte das autoridades. O aumento da presença de pessoas não indígenas dentro da comunidade da Terra Indígena do Guarita seria outro fator que estaria agravando essa situação de insegurança. As famílias de Daiane e de outras meninas que teriam sofrido casos de abuso estariam amedrontadas.

A morte da adolescente kaingang Daiane provocou a manifestação de indignação de diversas entidades que cobram das autoridades a imediata apuração do caso. Entidades ligadas aos povos indígenas e ao combate ao feminicídio cobram das autoridades apuração imediata do caso. A Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga) divulgou uma nota denunciando o crime de barbárie cometido contra a jovem kaingang. "A desumanidade exposta em corpos femininos indígenas precisa parar", diz trecho do documento.

"Parece que não é suficiente matar. O requinte de crueldade é o que dilacera nossa alma. (...) A violência cometida a nós, mulheres indígenas, desde a invasão do Brasil é uma fria tentativa de nos exterminar, com crimes hediondos que sangram nossa alma", diz a Anmiga.

A regional Sul do Conselho Indigenista Missionário manifestou indignação diante do caso e cobrou que a Funai e os órgãos de investigação Federal promovam ações para coibir as violências, responsabilizem os criminosos e averiguem se os crimes estão vinculados com a intolerância. A Secretaria de Igualdade, Cidadania, Direitos Humanos e Assistência Social do RS divulgou uma nota de pesar e indignação pela morte de Daiane: "O caso estarrecedor expõe o quão necessário e urgente é fomentar as políticas públicas protetivas e transversais para essa população que vem sofrendo de forma constante violências de todos os tipos em todo o território brasileiro". A Secretaria afirma que está acompanhando as investigações que "estão sendo conduzidas com absoluta prioridade pelas forças policiais do Estado"


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