Um dos condenados pelo crime afirmou ter retirado o fígado de Diosmar Rodrigues e assado o órgão em uma fogueira antes de comer. Os dois estão em prisão domiciliar.
O assassinato do comerciante Raimundo Nonato Santos Silva no começo dessa semana chocou moradores e até a polícia em Dois Irmãos do Tocantins, no interior do estado. Um dos presos, Rafael Araújo, afirma que os três envolvidos no homicídio arrancaram e comeram pedaços do coração da vítima.
Embora a versão dele dos fatos ainda esteja sob investigação, o caso despertou a memória coletiva para outro crime brutal e com características semelhantes registrado há mais de 10 anos em Palmas: o assassinato do pedreiro Diosmar Rodrigues Amorim.
O crime foi em agosto de 2011, Diosmar foi morto a facadas em uma colônia de pescadores na praia dos Buritis, região sul da capital. Dois homens foram presos, acusados e condenados pelo crime: Paulo César Rodrigues dos Santos e Jacione Costa Dias.
Ao depor sobre o caso, Paulo César Rodrigues afirmou ter comido o fígado da vítima. Ele disse que retirou o órgão e o assou em uma fogueira antes de consumir. Ainda segundo o depoimento, a participação dele no assassinato foi exclusivamente pela oportunidade de praticar canibalismo. Em entrevista para a TV Anhanguera na época ele reafirmou que tinha comido o órgão e afirmou que foi "só um pedacinho". (Veja o vídeo abaixo)
Na época do crime, a conclusão da polícia foi de que Jacione Costa tinha motivações pessoais. O assassinato seria um vingança já que Diosmar teria tido relações sexuais com a mãe e com uma irmã dele. Laudos anexados ao inquérito indicam que o pênis do pedreiro também foi decepado na noite do crime.
Após a morte do homem, o corpo dele foi preenchido com pedras no abdômen e jogado no Lago de Palmas.
Jacione Costa Dias foi condenado em 2015 há mais de 16 anos de prisão pelo caso. Ele cumpriu parte da pena e atualmente está em regime domiciliar. A progressão de pena dele seria para o regime semiaberto, mas como o benefício veio em outubro de 2021, durante a pandemia de Covid-19, o juiz Fabio Costa Gonzaga, da comarca de Guaraí, optou por coloca-lo no regime domiciliar.
O entendimento foi de que por causa do coronavírus o detento não poderia realizar atividades externas e voltar para dormir no presídio, sob risco de contaminar a população carcerária. Mesmo com a melhora da pandemia, o benefício foi mantido porque Jacione Costa vem cumprindo as determinações judiciais.
Já Paulo César Rodrigues dos Santos foi condenado a 12 anos e 20 dias de prisão pelo homicídio em 2018. A conclusão da Justiça foi de que ele não era totalmente responsável pelos próprios atos.
O tempo que ele passou preso aguardando o julgamento conta como cumprimento da pena e por isso ele foi ao regime domiciliar em outubro de 2019 após passar 8 anos, um mês e 29 dias em um presídio.
A legislação brasileira não tem a tipificação penal de 'canibalismo'. Esta circunstância geralmente entra como qualificadora para crimes como homicídio, por exemplo. No caso em investigação em Dois Irmãos, o crime é tratado como latrocínio, porque os três suspeitos invadiram a casa do comerciante para roubar. Cada um deles saiu de lá com R$ 114.