Uma pesquisa realizada na França, entre outubro de 2020 e fevereiro de 2021, período considerado crítico para a pandemia do Covid-19, e publicada no The Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology, em agosto de 2022, avaliou o estresse percebido em adultos com quatro moléstias cutâneas inflamatórias comuns e crônicas (acne, dermatite atópica, psoríase e a hidradenite supurativa); a autopercepção da gravidade da doença; e a qualidade da saúde.
Ao todo, 7.273 indivíduos participaram do estudo, constando que a seriedade dos distúrbios autoavaliados foi moderada em 49,73% das pessoas e 66,3% relataram escores altos de estresse.
"Apesar de ser uma reação natural do corpo e atuar no mecanismo de defesa, liberando substâncias, como o cortisol e a adrenalina, que fazem o organismo reagir mais rápido diante de algumas situações, quando o estresse se torna crônico, esses hormônios enfraquecem a barreira cutânea, prejudicando a oleosidade natural, que ajuda a manter a hidratação, deixando a pele mais seca, o que contribui para a entrada de organismos que provocam problemas e pioram condições já existentes", explica Geisa Costa, médica dermatologista.
No estudo, 2538 participantes tinham dermatite atópica, um processo inflamatório que causa pontos avermelhados, coceira e descamação. Enquanto 2329 sofriam com psoríase, caracterizada por lesões avermelhadas que descamam a pele em áreas como os cotovelos, joelhos e couro cabeludo. "Ela tem fundo genético em 30% dos casos, mas é agravada, principalmente, pelo estresse", comenta a especialista, que é membro da Sociedade Latino Americana de Dermatologia Pediátrica e Membro da Sociedade Brasileira de Laser.
E, por fim, a hidradenite supurativa, que acometeu 801 pessoas. Chamada de acne inversa, é uma inflamação/infecção das glândulas sudoríparas. As causas desse problema ainda não são esclarecidas, como aponta a Sociedade Brasileira de Dermatologia. "Mas sabe-se que alterações de saúde pioram o quadro", revela Geisa Costa.
Outro ponto é sobre o tratamento. "Pele é estímulo constante, então precisa de cuidados regulares, acompanhamento preventivo e não deixar uma queixa piorar para procurar ajuda, já que tudo pode resultar em alta e baixa autoestima", conclui Geisa Costa.