Internacional

A 'maldição' dos 35 anos: profissionais chineses encaram mercado de trabalho implacável

Pressão para contratar profissionais mais jovens afeta carreiras e vida pessoal dos trabalhadores

Por Redação

10/07/2023 às 13:00:00 - Atualizado há
Foto: Freepik

Cici Zhang, de 32 anos, recebeu uma notícia devastadora de seu chefe: seria substituída por uma profissional recém-graduada, após apenas três meses de treinamento. A chinesa, que esperava ter mais três anos de trabalho pela frente, foi surpreendida pela temida "maldição dos 35 anos". Cada vez mais comum no mercado de trabalho chinês, essa barreira etária tem impactado a vida profissional de muitos trabalhadores. Seria esse um sinal de que a maldição está se antecipando?

Aos 35 anos, Zhang se viu confrontada com a realidade cruel do mercado de trabalho, especialmente nas empresas de tecnologia, onde prevalece a cultura "996" (trabalho das 9h às 21h, seis dias por semana). Aqueles acima dos 35 anos são considerados velhos demais para suportar a carga horária excessiva imposta.

Uma postagem nas redes sociais que se tornou viral resume a crise enfrentada pelos profissionais chineses: "Muito velho para trabalhar aos 35 e muito jovem para se aposentar aos 60. Fuja da casa própria, do casamento, dos filhos, do carro, do trânsito e das drogas, e você terá felicidade, liberdade e tempo". Essa "maldição" surge porque as empresas buscam contratar pessoas mais jovens, que são consideradas "mais baratas" em comparação aos funcionários mais experientes. Além disso, os jovens estariam mais dispostos a "se sacrificar" pelas empresas, especialmente em relação às longas horas de trabalho.

Um trabalhador de 35 anos relatou ao "New York Times" que ficou desempregado após grandes cortes na empresa de inteligência artificial em que trabalhava. Mesmo após dez entrevistas de emprego, ele não recebeu nenhuma oferta. Ele descreveu sua idade como uma "praga" que o impede de avançar em sua carreira.

Essa dura realidade no mercado de trabalho chinês tem consequências drásticas na vida pessoal dos trabalhadores, obrigando-os a adiar decisões importantes. Entre 2021 e 2022, o número de registros de casamento teve uma queda recorde de 10,5%.

Projeções indicam que, até 2028, cerca de 50 milhões de chineses entre 16 e 40 anos enfrentarão o desemprego. Essa perspectiva sombria levanta preocupações sobre o futuro econômico e social do país.

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