Ministro do STF participou de fórum acadêmico patrocinado por instituições ligadas ao Grupo José Alves, condenado por divulgação de informações falsas sobre o kit Covid
Uma palestra ministrada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, na Itália, no âmbito do Fórum Internacional de Direito, foi promovida e patrocinada por um grupo condenado por disseminação de fake news relacionadas ao kit Covid. O evento acadêmico realizado na Universidade de Siena, na região italiana da Toscana, teve a participação das instituições de ensino Alfa Escola de Direito e Unialfa, ambas pertencentes ao Grupo José Alves, que também é proprietário da empresa farmacêutica Vitamedic, conhecida por produzir a ivermectina no Brasil.
O Grupo José Alves e a Unialfa foram condenados pela Justiça Federal do Rio Grande do Sul, em maio deste ano, por danos morais coletivos à saúde. A condenação se deu devido à veiculação de um informe publicitário intitulado "Manifesto Pela Vida", que defendia o chamado "tratamento precoce" contra a Covid-19 com medicamentos sem eficácia comprovada, como cloroquina e ivermectina.
Segundo o processo, a empresa Vitamedic registrou um aumento significativo em seu lucro anual, passando de R$ 15 milhões para R$ 500 milhões durante a pandemia, devido à comercialização da ivermectina. Em razão do alto faturamento e da defesa do "tratamento precoce", Jailton Batista, diretor-executivo da Vitamedic, foi convocado a depor na CPI da Covid em agosto de 2021.
O evento realizado na Itália contou com a participação de 31 palestrantes, sendo 20 brasileiros, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, e 11 da própria Unialfa. A presença de Moraes na palestra promovida por um grupo condenado por fake news sobre a Covid-19 pode trazer questionamentos sobre a relação do ministro com instituições envolvidas em controvérsias relacionadas à saúde pública.
Até o momento, o ministro Alexandre de Moraes não se manifestou sobre o caso. A participação de figuras públicas em eventos promovidos por empresas ou instituições condenadas por disseminação de fake news pode suscitar debates sobre a responsabilidade e o compromisso ético de representantes do poder público em relação às informações divulgadas em eventos acadêmicos. O Ministério Público destacou que o evento acadêmico promovido na Itália pela Unialfa foi um dos episódios relacionados à disseminação de fake news que levaram à condenação do grupo.