Influenciador e Família Indiciados por Rifa Digital Ilícita: Detalhes da Operação da Polícia Civil

Uma investigação liderada pela Polícia Civil de Palmas culminou no indiciamento de um influenciador digital e três familiares por envolvimento em atividades ilegais de rifas digitais. A operação, conduzida pela 4ª Delegacia de Polícia da capital, revelou práticas ilícitas realizadas por um influenciador que, através de suas redes sociais, praticou 27 contravenções de loterias não autorizadas e participou de ao menos duas contravenções de jogos de azar.

O delegado Rodrigo Saud Anturiano, à frente das investigações, destacou que o influenciador, com uma base de mais de 70 mil seguidores em suas plataformas, lucrou mais de R$ 695 mil em atividades ilícitas. Destes ganhos, cerca de R$ 397,8 mil foram submetidos a lavagem de dinheiro, com a participação de familiares para conferir aparência de legalidade aos recursos.

A estratégia do influenciador envolveu a associação de uma irmã e sua esposa como sócias nessas atividades ilegais, conduzindo mais de cinquenta atos caracterizados como lavagem de capitais, incluindo múltiplas transferências bancárias e aquisições de bens de luxo.

A Polícia Civil identificou ainda o uso de uma tia como "laranja" em transações, incluindo aquisição de um carro de luxo. A operação de busca e apreensão na residência do influenciador, denominada "Operação Ostentação", resultou na apreensão de quantias expressivas, um carro de luxo Audi RS3, um jet ski, smartphones iPhone 14 Pro Max e relógios, totalizando valores de R$ 692.237,47 entre dinheiro em espécie e contas bancárias.

Rodrigo Saud ressaltou a crueldade do influenciador ao associar casas de apostas com um estilo de vida de luxo nas redes sociais, levando a perdas financeiras de seus seguidores. Essa conduta revelou-se não apenas ilegal, mas também moralmente danosa para aqueles que acreditavam e seguiam as práticas de apostas ilícitas.

A prática das rifas digitais é ilegal no Brasil, e o delegado alertou para os riscos de plataformas e empresas de pagamento, destacando que os apostadores correm o risco de perder todo o valor apostado ou, nos raros momentos de ganho, podem enfrentar dificuldades para sacar seus prêmios.

O encerramento do inquérito policial resultou no indiciamento de todos os envolvidos, e o caso será encaminhado ao Poder Judiciário, com vistas ao Ministério Público, para as devidas providências legais.

A prática de rifas somente é autorizada se for de natureza filantrópica, para manutenção de entidades ou ações sem fins lucrativos, mediante autorização da Secretaria de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria do Ministério da Economia (Secap/ME). As entidades devem atender a uma série de requisitos, incluindo a prestação de contas sobre os valores arrecadados e sua destinação específica.

O alerta final da Polícia Civil enfatiza que a autorização para a rifa não garante a legalidade do processo. O correto cumprimento das exigências e a prestação de contas são cruciais para operações dessa natureza.