Apesar da promessa do Paxlovid como um tratamento eficaz contra a Covid-19, sua utilização no Brasil ainda enfrenta obstáculos significativos. Dados alarmantes revelam que, dos 3,2 milhões de doses adquiridas, cerca de 472 mil ainda estão estocadas, sem chegar aos pacientes que poderiam se beneficiar do tratamento. Essa subutilização expõe não apenas a falta de informação entre os profissionais de saúde, mas também deficiências no sistema de distribuição e educação médica continuada.
O desconhecimento sobre a existência e a eficácia do Paxlovid é um dos principais fatores contribuintes para essa subutilização. Muitos médicos, especialmente os que atendem em prontos-socorros, ainda não estão cientes da disponibilidade desse medicamento. Especialistas destacam a urgência de ações educativas mais eficazes para garantir que os profissionais de saúde estejam informados sobre a importância e a utilização do Paxlovid, especialmente considerando que mais de 2 mil óbitos por Covid foram registrados este ano, principalmente entre idosos e pessoas imunocomprometidas - justamente o grupo que mais se beneficiaria do tratamento com Paxlovid.
Além do desconhecimento, enfrentamos desafios logísticos e burocráticos na distribuição eficaz do medicamento. Embora o Ministério da Saúde tenha simplificado recentemente o processo de dispensação do Paxlovid, ainda existe a questão do tempo. O medicamento precisa ser administrado nos primeiros cinco dias de sintomas para garantir sua máxima eficácia, o que nem sempre é possível devido ao atraso no diagnóstico. Essa disparidade é ainda mais evidente entre os sistemas de saúde pública e privada, onde o acesso oportuno ao diagnóstico e tratamento é frequentemente desigual.
Para superar esses desafios, é crucial fortalecer as estratégias de educação para profissionais de saúde, simplificar os procedimentos de prescrição e melhorar o sistema de diagnóstico. A equidade no acesso ao tratamento também deve ser priorizada, independentemente do status socioeconômico do paciente. O Ministério da Saúde está trabalhando na distribuição eficiente do Paxlovid, mas é necessário um esforço conjunto do governo federal e das secretarias estaduais de saúde para garantir que todos os cidadãos tenham acesso igualitário a esse tratamento vital.