Saúde

Campanha sobre tumores ginecológicos visa ampliar adesão à vacinação contra HPV e ao Papanicolau

Ao menos 30 mil brasileiras recebem, anualmente, o diagnóstico de algum câncer ginecológico. O mais comum deles, de colo do útero, pode ser evitado com vacina contra HPV e exame de Papanicolau. Conscientizar a população sobre como prevenir os tumores ginecológicos é a principal missão do EVA, grupo multidisciplinar responsável pela campanha Setembro em Flor, que vai disseminar conteúdo multimídia qualificado e terá três Lives e workshop exclusivo para pacientes

Por GG Notícias

25/08/2021 às 15:56:04 - Atualizado há

Juntos, os cânceres de colo do útero, ovário e corpo do útero (endométrio) – os três tipos ginecológicos mais comuns - somam 29,8 mil novos casos anuais, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Outros dois tipos, câncer de vulva e vagina, também entram nesse grupo, mas para eles não há dados nacionais oficiais de novos casos/ano. Portanto, ao menos 30 mil brasileiras recebem, anualmente, o diagnóstico de algum câncer ginecológico, sendo que os tumores de colo do útero representam a maioria deles (16.710 novos casos previstos para 2021.

O câncer de colo uterino é o terceiro mais comum nas mulheres, atrás apenas de câncer de mama e colorretal. Apesar da alta incidência, vale ressaltar que esta doença não só pode ser diagnosticada precocemente, como também é, principalmente, evitável. E as medidas primordiais para evitar a doença são o acesso e adesão ao exame de Papanicolau e à vacinação contra o papilomavírus humano (HPV). Tanto o exame quanto a imunização estão disponíveis na rede pública, porém, com gargalos nas cincos regiões do país.

LIVE DE LANÇAMENTO DO SETEMBRO EM FLOR – Com transmissão pelo YouTube e Facebook do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA), a Live Vacina contra o HPV: o caminho para o fim do câncer de colo de útero, na quarta, dia 1, às 19:30, será o primeiro evento oficial da campanha Setembro em Flor, em alusão ao mês internacional de conscientização sobre o câncer ginecológico.

Dentre as atrações da Live está a participação do membro fundador e presidente do Grupo EVA, Fernando Maluf, diretor do Serviço de Oncologia Clínica do Hospital BP Mirante /SP, membro do Comitê Gestor do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) /SP, fundador do Instituto Vencer o Câncer, autor de artigos científicos e de mais de uma dezena de livros publicados no Brasil e no exterior, além de professor Livre Docente pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Também participam do bate-papo, Neila Speck, professora adjunta do departamento de ginecologia da UNIFESP, presidente da comissão nacional especializada do trato genital inferior da Febrasgo e diretora científica da Associação Brasileira de Patologia do trato genital inferior e colposcopia; Luísa Lina Villa, Professora associada do departamento de Radiologia e Oncologia da Faculdade de Medicina da USP e pesquisadora do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e Renato Kfouri, pediatra infectologista e presidente do departamento de imunizações da Sociedade Brasileira Imunizações.

PRECISAMOS EVITAR A ÍNTIMA RELAÇÃO ENTRE HPV E CÂNCER DE COLO DO ÚTERO

A contaminação pelo vírus HPV é fator causal para quase todos os casos de câncer de colo do útero. Para imunização dos HPVs oncogênicos 16 e 18, que são responsáveis por 70% dos tumores malignos no colo uterino, há vacina disponível na rede pública. A vacina quadrivalente, que protege contra os HPVs 16 e 18, também previnem os HPVs 6 e 11, que são responsáveis pela maioria das verrugas genitais.

A vacina quadrivalente é distribuída gratuitamente pelo SUS e é indicada para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, pessoas que vivem com HIV e pessoas transplantadas na faixa etária de 9 a 26 anos. Por sua vez, a adesão no Brasil é baixa, longe do ideal de 80% de imunização. A adesão em 2019 foi de apenas 22% dos meninos e 51% das meninas. É fundamental também imunizar os meninos para se evitar toda a cadeia de transmissão, assim como para prevenir outros tipos de câncer que têm o HPV como fator de risco: tumores de cabeça e pescoço (principalmente de orofaringe), pênis e ânus.

Em razão da baixa adesão às campanhas de vacinação contra HPV e gargalos no acesso ao exame Papanicolau, o Brasil apresenta alta incidência e mortalidade por câncer de colo do útero. Em alguns estados, principalmente na Região Norte, os tumores de colo uterino superam o câncer de mama. O problema é mais acentuado no Amazonas, que registra 40 casos para cada 100 mil mulheres. Na sequência, vem o Amapá, com 33 casos para cada 100 mil. Comparativamente, em São Paulo, são 6 casos para cada 100 mil.

A prevalência de câncer de colo do útero em São Paulo é similar ao cenário do Canadá, que registra 5,7 casos para cada 100 mil mulheres. Entre as canadenses, a mortalidade é de 1,7 casos para cada 100 mil. O Canadá apresenta taxa de cobertura vacinal acima de 80%. O mesmo ocorre com o Reino Unido e Austrália, que também registram 1,7 mortes pela doença para cada 100 mil mulheres.

O abismo mundial fica ainda mais evidente quando se compara com os países de menor IDH. Na Suazilândia, no sul da África, são 75,3 casos e 52,5 mortes para cada 100 mil mulheres. Na América do Sul, o maior impacto da falta de acesso se dá na Bolívia, que registra 38,5 casos e 19,0 mortes para cada 100 mil bolivianas.

Dados do estudo EVITA realizado pelo grupo EVA em parceria com o LACOG demonstrou alguns motivos mais frequentemente relatados para a não realização do Papanicolau: falta de vontade em 46,9%, vergonha ou constrangimento em 19,7%, e falta de conhecimento em 19,7%. Este estudo também demonstrou que a baixa adesão ao papanicolaou está associada a disparidades sociais, menor renda, nível educacional e parceiro estável. Dessa maneira, a conscientização é importantíssima e o conjunto de ações: vacina contra HPV, papanicolaou e tratamento precoce, são capazes de salvar vidas de mulheres, na sua maioria jovens e economicamente ativas.

PRECISAMOS FALAR TAMBÉM SOBRE OS OUTROS TUMORES GINECOLÓGICOS

Com o objetivo de alertar a população sobre os fatores de risco, sinais e sintomas precoces dos tumores ginecológicos, buscando minimizar tratamentos, reduzir sequelas e salvar vidas, o Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA) idealizou para 2021 a campanha Setembro em Flor.

Com inspiração no mês que marca o início da primavera, a flor é adotada na campanha com as suas pétalas tendo diferentes cores, cada uma representando um dos cinco tumores ginecológicos (colo uterino, corpo uterino, ovário, vulva e vagina). A flor é também um símbolo de vida, pureza, feminilidade, fertilidade, o que representa bem a mulher.

Os tumores ginecológicos se diferenciam quanto aos fatores de risco, conforme local de origem. Se por um lado o câncer de colo do útero, como já descrito, tem o HPV como fator causal, o câncer do corpo do útero (ou endométrio) vem apresentando crescimento de incidência nos últimos anos provavelmente por conta da obesidade. O câncer de corpo do útero é responsável por cerca de 6.500 novos casos e pela morte de mais de 1800 mulheres/ano no país. Infelizmente, não existe um método eficaz para rastreamento, mas os principais sintomas são sangramento uterino anormal e desconforto pélvico, que podem alertar a mulher para a necessidade de procurar por atendimento médico e assim, há mais chances de diagnóstico e tratamento precoces.

O câncer de ovário é o segundo tumor ginecológico maligno mais comum e é o que apresenta a menor taxa de sobrevivência entre os cânceres femininos. É chamado de tumor silencioso, por não apresentar sintomas específicos e ausência de métodos eficazes de rastreamento. Alterações genéticas podem estar presentes em 25% das pacientes com câncer de ovário e a história familiar de câncer de mama e ovário devem sempre ser sinais de alerta. Os testes genéticos tornam-se importantes ferramentas não só para definição de tratamento, mas para aconselhamento genético aos familiares.

Os cânceres de vulva e vagina são tumores mais raros e que também possuem associação com infecção por HPV como fator causal. A vacina contra o HPV e o exame ginecológico de rotina são os pilares para prevenção e diagnóstico desses tumores em fases iniciais. Apesar dos avanços em prevenção e tratamento, a taxa de mortalidade no Brasil não tem diminuído satisfatoriamente devido a diagnósticos com doença avançadas e atraso para início do tratamento, conforme estudo recente de membros do grupo EVA

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