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CPI da Pandemia: depoimento de Ernesto reforça a importância de ouvir Pazuello, dizem senadores

Por GG Notícias

18/05/2021 às 19:37:36 - Atualizado hĂĄ

O depoimento do ex-chanceler Ernesto AraĂșjo à CPI da Pandemia nesta terça-feira (18) reforça a suspeita quanto à existĂȘncia de um comando paralelo no combate o Corona VĂ­rus, em contraste com as orientações do próprio Ministério da SaĂșde. Essa foi a avaliação do comando da CPI, a qual difere da opinião de senadores governistas, para quem a oposição tentar criar um "crime inexistente".

Para o vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), as contradições apontadas por Ernesto AraĂșjo comprometem a atuação de então ministro da SaĂșde, Eduardo Pazuello, na crise gerada pela falta de oxigĂȘnio e de vacinas e apontam para a importância do depoimento do ex-titular da pasta à comissão nesta quarta (19).

— A situação estĂĄ difĂ­cil para Pazuello, é um movimento de abandono [do ex-ministro da SaĂșde]. A melhor coisa que ele teria a fazer amanhã é colaborar com a CPI. Se não, todos os elementos apontarão ele como responsĂĄvel pela morte de centenas de milhares de brasileiros — afirmou.

Para Randolfe Rodrigues, as colaborações de Ernesto AraĂșjo também reforçam a "omissão criminosa" que o governo brasileiro teve durante a crise de oxigĂȘnio em Manaus.

— Deixa claro que quem aderiu ao consórcio Covax com 10%, e não 50% da vacina, foi o Ministério da SaĂșde. A quantidade de oxigĂȘnio que socorreu os amazonenses foi doada pelo governo da Venezuela e o governo brasileiro não articulou e nem agradeceu. EstĂĄ ficando cada vez mais clara a omissão do governo na aquisição de vacinas. A pergunta é "quantas vidas de compatriotas poderiam ter sido salvas se pelo menos uma das propostas de vacinas, das tantas rejeitadas, tivesse sido concedida?" — questionou.

"Gabinete das sombras"

Relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) também concorda com a existĂȘncia do comando paralelo da pandemia, a quem classificou como "gabinete das sombras". Ele também afirmou que Pazuello estĂĄ sendo "entregue aos leões".

— Era uma espécie de ministério da doença, em contraposição ao Ministério da SaĂșde, que despachava com o presidente da RepĂșblica, que fazia as reuniões no PalĂĄcio do Planalto, estabelecia as polĂ­ticas pĂșblicas, onde deveria ser gasto o dinheiro, da forma como entendesse correta, e até pensava em modificar bula de remédio por decreto presidencial, enquanto o Ministério da SaĂșde sequer vacina poderia comprar. Pazuello anunciou a compra da vacina Coronavac e o presidente o desautorizou. Pazuello estĂĄ sendo entregue aos leões. A pergunta é: "O senhor foi o Ășnico responsĂĄvel por tudo isso, por essa tragédia?". A essa altura, o silĂȘncio depõe contra ele — afirmou Renan.

O relator da CPI destacou que Ernesto AraĂșjo respondeu a todas as perguntas dos senadores, nas quais enfatizou que — à exceção da importação de cloroquina e da viagem a Israel, motivada, segundo o ex-chanceler, pela busca de novos medicamentos para o tratamento do Corona VĂ­rus — todas as iniciativas de polĂ­tica externa aconteceram em função das decisões do Ministério da SaĂșde.

— Ao dizer isso, ele transfere o ônus da responsabilidade para o Ministério da SaĂșde e o ex-ministro Pazuello diretamente, sem subterfĂșgio. O que o Supremo [Tribunal Federal] decidiu é que Pazuello evidentemente não vai dizer nada que possa incriminĂĄ-lo, nem era esse o propósito da CPI. Queremos investigar fatos, não pessoas. Queremos que ele, como testemunha principal, como ex-secretĂĄrio executivo e ex-ministro da SaĂșde possa colaborar com a CPI na busca da verdade, à medida que o governo vem aqui e transfere a responsabilidade para ele — afirmou Renan.

Questionado sobre a apuração de supostos desvios de recursos da saĂșde destinados pela União a estados e municĂ­pios, Renan disse que a comissão não farĂĄ dupla investigação sobre casos jĂĄ em anĂĄlise pelo Ministério PĂșblico e pela PolĂ­cia Federal.

— Esses fatos não são prioritĂĄrios na CPI. Nós vamos investigar tudo o que for necessĂĄrio, mas dentro de um roteiro óbvio e dentro da competĂȘncia do Senado — afirmou.

"Abuso de poder"

Defensor do governo, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) discorda do entendimento dos senadores da oposição.

— Pazuello vem para falar muitas coisas importantes. O habeas corpus [concedido pelo STF ao ex-ministro da SaĂșde] é para evitar abuso de poder. Gabinete paralelo? Isso é mais uma narrativa da oposição tentando criar crime — afirmou.

O senador defendeu a apuração imediata dos fatos relacionados à pandemia nas unidades da Federação.

— Parece-me que hĂĄ uma campanha para fazer blindagem e impedir investigação. O alvo da CPI é o governo do presidente Bolsonaro. Tentam criar a narrativa de que o grande culpado pelo coronavĂ­rus é o Bolsonaro. Vamos ouvir os secretĂĄrios estaduais. Não aceitamos que denĂșncias de desvios e corrupção que levaram à morte de milhares de brasileiros fiquem sem resposta. Nas próximas semanas, vamos seguir o rumo do dinheiro. Vamos começar com o Amazonas — disse Marcos Rogério.

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