Política

Presidente da CPMI critica blindagem do governo e ressalta importância da investigação

Em entrevista exclusiva, deputado Arthur Maia reafirma compromisso em pautar requerimentos rejeitados e garantir transparência na CPMI do 8 de Janeiro

Por Redação

15/06/2023 às 16:30:00 - Atualizado há
Agência Senado

Em uma entrevista concedida à Revista Oeste, o presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, deputado federal Arthur Maia, expressou sua preocupação com as ações do governo para impedir o depoimento de autoridades relevantes, como o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias. Maia lamentou a manobra realizada pelos parlamentares governistas na rejeição dos requerimentos da oposição, destacando que a conduta contraditória compromete a credibilidade da investigação.

"É um contrassenso total o que o governo fez", declarou Maia. "Quem quer investigar não faz uma manobra dessas. Eles usaram os votos da oposição para aprovar os requerimentos em que tinham interesse e, no momento de aprovar os documentos propostos pela oposição, eles não entregaram os votos." Essa ação resultou na exclusão de personagens-chave dos eventos ocorridos no dia 8 de janeiro, como o então ministro do GSI, general Gonçalves Dias, e o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura Cunha.

No entanto, Arthur Maia reafirmou seu compromisso em pautar novamente todos os requerimentos rejeitados e buscar um consenso com os membros governistas. Além disso, o senador Sergio Moro já apresentou um novo pedido de convocação do general, demonstrando a determinação da CPMI em garantir a transparência e aprofundar a investigação.

Ao ser questionado sobre o trabalho da CPMI a longo prazo, o deputado ressaltou a importância do trabalho investigativo para que a sociedade brasileira possa formar um juízo de valor sobre os acontecimentos do dia 8 de janeiro. Ele mencionou as diferentes narrativas existentes e a necessidade de trazer à tona os fatos ocorridos, incluindo as invasões ao Supremo Tribunal Federal, ao Planalto e ao Congresso Nacional. Maia comparou o roteiro da CPMI ao trabalho realizado pelo STF, destacando que a investigação no colegiado ocorrerá de forma pública, permitindo que as pessoas acompanhem os depoimentos e tenham acesso a todas as análises realizadas.

Quanto à possibilidade de blindagem por parte do governo, o deputado expressou confiança no bom senso e enfatizou que a não convocação de personagens importantes traz uma aura de desrespeito à verdade. Ele reiterou que os requerimentos rejeitados serão reapresentados e analisados na próxima sessão da CPMI. Segundo Maia, é absurdo realizar uma comissão para apurar a verdade e tentar impedir que alguns nomes não sejam ouvidos apenas por estarem vinculados ao governo, pois isso minaria a credibilidade da investigação.

Sobre a reunião com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, o deputado relatou que o posicionamento do ministro é positivo. Ele mencionou a questão do compartilhamento das investigações em sigilo e afirmou que as investigações já concluídas serão liberadas assim que solicitadas, enquanto os processos em andamento serão disponibilizados à CPMI em até 45 dias após a conclusão.

Questionado sobre a possível saída do deputado federal André Fernandes, autor do requerimento da CPMI, do colegiado, Maia defendeu que, se um parlamentar apresenta alguma mácula que impeça seu exercício do cargo, ele deve ser afastado. No entanto, enquanto Fernandes tiver mandato, o presidente da CPMI é favorável à sua participação no colegiado.

Em relação ao relatório paralelo planejado pela oposição, Maia explicou que, do ponto de vista regimental, ele indica a relatora, mas reconhece que a escolha também é política e feita por meio de acordos. Ele destacou que qualquer parlamentar tem o direito de apresentar um voto separado, um parecer diferente da relatora, caso o relatório dela seja rejeitado.

Quanto aos critérios para definir a ordem de depoimentos, o presidente da CPMI explicou que será seguida a cronologia dos fatos. Nesse sentido, o primeiro a ser ouvido será Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, em relação à suposta tentativa de tumultuar a eleição por meio de uma operação em ônibus. No entanto, Maia ressaltou que todos os convocados serão ouvidos, incluindo os nomes propostos pela oposição.

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