Internacional Osama Bin Laden

Especialistas apontam enfraquecimento do poder dos EUA no Afeganistão

Por GG Notícias

02/05/2021 às 13:40:43 - Atualizado há

Tropa americana no Afeganistão - Reuters/Omar Sobhani

Retirada das tropas

Arlene Clemesha, do Departamento de Letras Orientais da Faculdade de Filosofia, Letras Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), acredita que o talibã, movimento islâmico nacionalista, deve se fortalecer com a retirada das tropas da Otan. E, com isso, reduz-se ainda mais a influência dos Estados Unidos no Afeganistão. “Pairam muitas dúvidas sobre a capacidade do governo do Afeganistão se manter após a saída das tropas”.

Segundo Arlene, deve crescer o apoio a grupos jihadistas. “A gente não está mais falando da Al Qaeda, mas tem todos os seus derivados e isso com efeitos regionais, grupos que atuam de maneira clandestina, aliada ao talibã ou sob proteção em toda a região. Sempre com o mesmo tipo de narrativa e de pauta que, por um lado, é a islamização da sociedade, por outro lado, é um combate a qualquer coisa entendida como intervenção externa, como força americana ou europeia.”

Hilu aposta em um fortalecimento de forças da região. “Você vai ver Irã, China, Rússia tentando ocupar esse vazio, claro, esses não são aliados americanos, mas os países da Ásia Central também vão tentar. O Paquistão, que é um aliado americano, sempre teve interesses geopolíticos no Afeganistão, então vai ter uma disputa de potências regionais.”

Para Buzetto, algumas questões explicam a saída dos Estados Unidos da região, mas elas revelam um país que sai derrotado. Ele cita a aliança entre China e Rússia, o crescimento do Irã como potência regional, a solidariedade expressa entre iranianos e iraquianos com a morte do general Qasem Soleimani, derrotas na Síria e a criação de um eixo de resistência que reúne países e organizações populares contra a ocupação militar imperialista.

“A construção do eixo da resistência e as suas vitórias em vários campos de batalha, especialmente no Afeganistão, Iraque e na Síria e no Iêmen, tem imposto para os Estados Unidos como única saída se retirar”, avalia. Ele aponta que a permanência na região colocaria os soldados norte-americanos em situação de risco permanente.

Controvérsias

As informações repassadas pelo governo norte-americano sobre a morte de Osama Bin Laden ainda carregam muitas dúvidas. Entre elas, o fato de os Estados Unidos não ter apresentado provas, como comumente é feito, do líder terrorista capturado. Dois anos após a morte, a divulgação das fotos do corpo do líder da Al Qaeda ainda era discutida na Justiça estadunidense.

Segundo informações do Pentágono, ele foi abatido em um esconderijo na cidade de Abbotabad, próximo a Islamabad, capital paquistanesa. A operação não foi comunicada ao Paquistão. O governo paquistanês criticou à época os ataques com drones (aviões não tripulados) americanos e as ações não comunicadas aos paquistaneses por parte dos americanos, como a operação militar que resultou na morte de Bin Laden.

A falta de transparência levanta muitas dúvidas desde então, inclusive sobre a própria morte de Bin Laden, tendo em vista que Estados Unidos tinha, historicamente, uma aliança com a Al Qaeda, por exemplo, quando apoiou o grupo islâmico no enfrentamento das tropas soviéticas na década de 1980, conforme explica Hilu.

“Os americanos montam um esquema em que os aliados dos Estados Unidos libertam jihadistas que estavam presos, facilitavam pra eles o visto para ir pra Inglaterra, lá eles são recrutados e mandados para o Norte do Paquistão. Os Estados Unidos dão as armas; a Arábia Saudita dava a ideologia, uma versão do Islã militante, intolerante e combativo; e o Paquistão dava a logística territorial, mas também dava logística de inteligência pelo serviço secreto do Paquistão para dentro do Afeganistão. Então a Al Qaeda é fruto disso”, relembra.

Buzetto não descarta a possibilidade de algum acordo que possibilitasse a Bin Laden um “desaparecimento”, dando respostas aos anseios de “justiça ou vingança” dos norte-americanos e favorecendo o aparato midiático dos Estados Unidos.

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