Nabil Njoya, líder do povo Bamum, senta-se no trono histórico como um ato simbólico de reivindicação
No último domingo, Nabil Mbombo Njoya, rei africano e líder do povo Bamum, localizado no oeste de Camarões, protagonizou um momento de grande simbolismo durante sua visita ao Museu Etnológico de Berlim. Sentado no trono de seu povo, o ato representou a reivindicação do rei Njoya e dos povos africanos pelos tesouros e monumentos levados pelos europeus durante o período de colonização. A cena emocionou camaroneses presentes no local e marcou um importante passo na luta pela preservação da história e cultura africanas.
A visita do rei Njoya ao museu foi uma ocasião especial, onde ele e sua comitiva foram convidados a conhecer a vasta coleção de artefatos de povos africanos, asiáticos e latino-americanos guardados no local. Para recebê-lo, a direção do museu preparou um trono contemporâneo do povo Bamum ao lado do trono histórico, que havia sido levado pelos alemães em 1908. No entanto, o monarca surpreendeu a todos ao ignorar a peça preparada e sentar-se no trono original.
Esse gesto foi uma tentativa do atual rei de reaver o trono que pertenceu a seu bisavô, Ibrahim Njoya, também líder do povo Bamum. Em entrevista à National Geographic, o rei Nabil enfatizou a importância desse momento para ele e seu povo, expressando sua visão de união e esperança para as futuras gerações.
A embaixada de Camarões também celebrou a atitude do monarca, destacando a satisfação de toda a comunidade bamum e dos camaroneses. Esse episódio ressalta a relevância histórica do povo Bamum e sua busca por preservar sua cultura e identidade.
Para compreender a importância desse ato, é fundamental conhecer a história do povo Bamum. A nação étnica dos Bamuns surgiu no século 14, na região oeste de Camarões. Seu desenvolvimento ocorreu principalmente nas áreas próximas aos rios, onde a agricultura se tornou uma de suas principais atividades. A cultura Bamum, voltada principalmente para a terra, é evidenciada até mesmo no trono original, um assento de madeira adornado com símbolos de fertilidade e liderança.
Além de sua avançada agricultura, os bamuns se destacaram na mineração de ferro e produção de armas. O governo utilizava esses recursos para fortalecer o exército e proteger seu território de disputas com reinos vizinhos. A estrutura política do Reino de Bamum também era notável, com uma organização governamental.
O Rei dos Bamum visitou o museu etnológico de Berlim e reencontrou o trono real que pertencia ao seu bisavô.
— Africanize (@africanize_) June 13, 2023
O trono foi roubado há 115 anos durante a invasão da Alemanha ao reino.
A majestade sentou no seu lugar de direito de imediato e deixou o diretor do museu sem reação. pic.twitter.com/FUnY7xwbf8